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Aos teus sentidos corpóreos chegam, a cada minuto, uma variedade incalculável de estímulos. Surgem na feição de imagens, sons, vibrações, notícias, etc.
São tão volumosos que não dispõem de tempo hábil para digestão de todos eles. Surgem num minuto e desaparecem no minuto seguinte, deixando em tuas cordas emocionais estranha melodia de inquietação e medo, curiosidade e revolta.
Vivemos, quase todos, sob esses estímulos diários, ignorando na sua maioria, o impacto que causam em nossa frágil saúde psicológica e estrutural. Não seja de estranhar o caudaloso rio de ansiosos, sedentos por um pouco de silêncio, calcinados pelo aluvião de ocorrências trágicas, derrapando na perda do sentido existencial, na carruagem das incertezas e no retraimento do afeto, ante o receio de sofrer novas decepções.
Fazem-se autômatos do cotidiano, reféns da rotina e descem ao solo da sobrevivência, atendendo unicamente às necessidades básicas da vida, sem projetos de iluminação interior.
Se acossados, reagem com violência. Cobrados, respondem com aspereza. Advertidos, optam pelo retraimento social.
Trazem os tímpanos afogados no barulho ensurdecedor ora reinante no cotidiano, sem tempo para o cultivo da harmonia pelo silêncio e estágio curto nos campos da meditação. Deixaram de orar por não mais acreditarem na força da prece.
Verifica até que ponto estás incurso num desses grupos de vivência atribulada, relegando a plano secundário o cultivo de teus tesouros íntimos.
Onde buscar tempo no relógio para a audição de uma sinfonia, de uma melodia erudita, a leitura de uma página refazente?
Como desacelerar desse carrossel de necessidades brutais, onde as forças físicas são cobradas ao máximo, produzindo fadiga crônica e cansaço que nunca descansa?
Que estranha sensação é essa que te devora a cada manhã, onde acordas tão exausto quanto deitaste na noite anterior?
Vais postergando teus compromissos, sempre buscando um tempo vago que nunca chega.
Imperioso refletir como nem mesmo no período natalino se consegue desacelerar dessa volúpia pelo consumir, anotando as artérias da cidade tomada por milhares de consumidores ávidos pelas novidades tecnológicas e pela ânsia de comprarem mimos de Natal.
E Ele, o aniversariante, que de nada material necessita, a aguardar na divina paciência, que o aprendiz tenha um minuto para se encontrar com Ele.
Perceber que o essencial não está sendo priorizado. Que gasta fosfato em excesso com questões que hoje parecem indispensáveis e amanhã terão valor nenhum.
Ignoram...
A flor que desponta no vaso esquecido, a falena brilhante em busca do néctar, a abelha coletando material para sua colmeia, o vagaroso curso do rio, a nuvem que desliza no céu muito azul e o manto da noite, salpicado de estrelas.
Um minuto e tudo isso pode criar um estímulo novo em cada um de nós. Se deixar levar por uma lembrança feliz ao avistar a criança que brinca no parquinho. Contemplar o idoso que assiste o vaivém de gente apressada. Escutar um bem-te-vi trinando na fiação pública e se emocionar com a chuva que chega de mansinho, refrescando a canícula da tarde.
Sim, o período natalino deveria ser tempo de fazer pontes, buscar o outro para dissolver uma animosidade, reatar um afeto quase perdido ou sentimento esfriado.
Ele, e tão somente Ele deveria ocupar nosso tempo nesses derradeiros dias do ano em esgotamento.
Sua proposta de amor e de edificação de uma sociedade melhor, justa, equilibrada, fraterna. Sua manjedoura se fazer um ponto de meditação sobre a renúncia, na qual um ser puro optou por mergulhar no lodaçal das paixões humanas para nos ensinar o caminho da verdadeira libertação.
Da gruta de Belém ao madeiro infamante percorreu os labirintos humanos, deles resgatando os prisioneiros dos grilhões emocionais e espirituais.
Ascendeu aos cimos da vida superior numa tarde de beleza incomparável, nos deixando o tesouro da paz e a gema preciosa do conhecimento libertador.
Que tens feito dessas dádivas sublimes? Que emprego tens aplicado ao discernimento que presentemente te reveste o entendimento da vida?
As datas passam ligeiras, mas a esperança permanece de atalaia, o amor sobrevive ao cansaço e a fé não se dilue no ácido corrosivo da indiferença.
És um espírito imortal, em ligeira matrícula no educandário terrestre, viajando logo após para mais altas expressões de conhecimento superior.
Tens pensado nisso?
Marta (Espírito)
Salvador, 14.12.2025
Médium: Marcel Mariano











