Cirurgiões anunciaram ter transplantado a primeira
veia desenvolvida em laboratório a partir das células-tronco de uma paciente de
10 anos, poupando-a do trauma de ter retirados vasos de seu próprio corpo. O
procedimento inovador pode dar esperanças a pacientes que não têm veias
saudáveis para uso em diálise ou cirurgia de ponte de safena, destacou um
artigo publicado na revista médica The Lancet.
Veias sintéticas são propensas a desenvolver
coágulos e sofrer bloqueios e os receptores de veias de doadores precisam tomar
medicamentos imunossupressores para o resto da vida para evitar rejeição. No
caso estudado, uma equipe médica da Universidade de Gotemburgo, na Suécia,
extraiu um segmento de 9 cm da veia da virilha de um doador falecido e removeu
todas as células vivas.
Eles, então, injetaram no tecido células-tronco
obtidas da medula da menina, diagnosticados com um bloqueio potencialmente
letal da veia porta, um grande vaso que leva sangue ao fígado. Duas semanas
depois desta "semeadura", a veia foi implantada na paciente, usando a
técnica da ponte de safena, acrescentaram os médicos.
"A menina do estudo foi poupada do trauma de
ter veias retiradas do pescoço ou da perna com o risco associado de problemas
nos membros inferiores", escreveram os pesquisadores Martin Birchall e
George Hamilton em comentário publicado com o artigo. As cirurgias para
restaurar o fluxo sanguíneo da porta usando veias artificiais ou de doadores
tiveram resultados diversos até agora.
A equipe de cientistas explicou que a paciente não
teve complicações na cirurgia e que o fluxo sanguíneo normal foi restaurado
imediatamente. E uma vez que as veias continham as próprias células da menina,
ela não precisa tomar medicamentos imunossupressores.
A menina precisou de outro enxerto um ano após o
primeiro, mas goza de boa saúde, consegue fazer longas caminhadas de até 3 km e
faz ginástica moderadamente, destacou o artigo. O novo método resultou em
"uma melhora impactante na qualidade de vida da paciente", destacaram
os autores do estudo, em um comunicado.
Birchall e Hamilton observaram que o alto custo e o
longo prazo exigido para preparar este tipo de enxerto torna improvável que
seja adotado como um tratamento normal imediatamente. Embora o procedimento
seja promissor, acrescentaram, é preciso que a técnica evolua e passe por
testes clínicos completos.
Colaboração de : Laura Bamberg
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