Locutor Esportivo: Cléber Vieira |
Locutor Esportivo: Eloilto Cajuhy |
Estádio Pedro Amorim (Sr. do Bonfim-Bahia) |
Lembro como se fora hoje a forma como chegava à
nossa terra, em nossa infância (e olha que já sou sessentão) o futebol jogado
em canchas do sul maravilha. O rádio nos levava ao Maracanã, ao Morumbi,
através das ondas sobretudo da Globo, no vozeirão de Waldir Amaral,
comentários de Rui Porto ou João Saldanha. Algumas casas sintonizavam Doalcei
Bueno de Camargo na Rádio Tupi e se admiravam da voz mágica de Fiori
Giglioti, da Radio Bandeirantes paulista.
Naquele tempo, admirávamos tanto os jogadores
quanto os narradores esportivos, sempre ao pé do rádio, em nossas salas-de-estar.
Encantavam-nos os “bordões”, por exemplo, de Waldir Amaral, com seu vozeirão
pausado e sua criatividade. Muitas expressões ainda hoje usadas por narradores
da bola, nasceram desse homem que entrava em nossas casas sem pedir licença:
profissional extremamente criativo, Waldir Amaral costumava dizer vários
bordões enquanto narrava a partida. Alguns bordões criados por ele: "Tem
peixe na rede do Fluminense...”;"Choveu na horta do Flamengo";
"Aproxima-se da área, é fumaça de gol..."; "Caldeirão do
Diabo" era a grande área; "Indivíduo competente o Zico", qundo
narrava um gol; "Deeeeez, é a camisa dele!" "O visual é bom,
Roberto tem bala na agulha", quando o jogador partia para bater uma falta.
E quando a bola entrava: "Estão desfraldadas as bandeiras do
Botafogo"; quando seu nome era citado, em vinheta, ele completava:
"Deixa comigo"; e ao dizer o tempo de jogo, falava
invariavelmente: "O relógio marca". Dele nasceu a alcunha de Zico, o
“Galinho de Quintino”.
Estes deuses do rádio nos encantavam, e não
sabíamos se admirávamos as jogadas narradas ou os estilos versáteis de narrar
essas jogadas. Eram tão inacessíveis quanto os distantes estádios e os míticos
jogadores de nossos times. Senhor do Bonfim era apenas ouvinte. E lembro-me de
que a primeira narrativa de futebol realizada pela nascente Rádio Caraíba,
necessitou da vinda de um narrador se não me engano, jacobinense, o que sem
dúvida feriu os nossos brios mas serviu de incentivo a que nos tornássemos
autônomos nesse campo da comunicação.
O amadurecimento de nossa imprensa, o notável
crescimento de nível de nossas duas principais emissoras e de nossos
radialistas, nos tem prodigalizado invejáveis profissionais, que nada têm a
dever a profissionais de outros centros, mesmo dos grandes centros e das
grandes cidades. Temos um Cleber Vieira, que faz agora a sua “rentrée” na
narração futebolística, da qual nunca deveria ter saído: conjuga rapidez de
raciocínio, criatividade de vocabulário e dinamismo narrativo como ninguém, e
não foi por acaso que emissoras de destaque do estado já tentaram levá-lo aos
seus microfones... Eloilto Cajuhy, um narrador clássico, que sabe aliar
inteligência e criatividade à sua tranqüila forma de descrever o que se passa
no gramado... Ivan Silva, que não deveria ter se afastado das canchas, e que
levava para nossos rádios a mesma força de seus programas diários... Augusto
Gomes, que com seus neologismos e forma inovadora de ver o jogo, nos deixa
sempre à espera da próxima inusitada frase ou observação! Walterley Kuhin, uma
narrativa fácil e marcada pela inteligência e capacidade de análise. Nos
comentários, como não destacar a lógica ferina de Pedro de Carvalho; o
estilo familiar e bem bonfinense de João Mendes; a picardia e a verve de
Geraldo Nascimento; a lógica aristotélica de Renilson Tavares; a capacidade de
análise de Betinho e o estilo seguro de Marcio Less.
Perdoem-me os que não citei: mas que sejam
valorizados, tanto quanto este time de craques do radio bonfinense, que acabei
de citar, e que projetam Senhor do Bonfim bem mais além que as linhas do
gramado. Afinal, eles são os nossos magos, os magos, tanto quanto os nossos
craques da bola, do tapete verde que nos encanta!
ASCOM de Paulo Machado - 8-7-2013
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