terça-feira, 1 de outubro de 2013

HOMENAGEM AO EX-PREFEITO CÂNDIDO AUGUSTO MARTINS

Cândido Augusto

CONSIDERANDO O TERCEIRO ANIVERSÁRIO DE FALECIMENTO DO EX-PREFEITO CÃNDIDO AUGUSTO MARTINS, REPUBLICO A CRÔNICA ESCRITA POR OCASIÃO DE SEU FALECIMENTO PREMATURO:


CANDIDO AUGUSTO MARTINS: O DISCURSO QUE NÃO FIZ


Paulo B. Machado – Prefeito de Senhor do Bonfim


Após visitar as obras da Escola-creche do Loteamento Emanuele, Alto da Maravilha, pedi ao motorista que se dirigisse ao Cemitério São Lázaro, para uma visita especial. Sol causticante, postei-me ante o jazigo da família Freitas Martins, onde as coroas de flores ainda recentes cobriam toda a extensão do mausoléu, fiz uma prece, e pronunciei, no silêncio do meu peito, o discurso que não fiz por ocasião do sepultamento do ex-prefeito Cândido Augusto Martins.

Caso fosse orador, teria tomado para mim a frase marcante de Paulo Braga, de que ali se encontrava um homem público que iniciou a sua carreira política rico, e terminara pobre. Sem entrar em digressões maiores diria que este fato enobrece a biografia do ex-prefeito pranteado, diante de uma tradição infeliz em que prefeitos pobres deixam o cargo ricos e a esbanjar dinheiro, e prefeitos ricos já passaram a faixa a outros ainda mais ricos.

Diria também o que muitos disseram nestes dias, que Cândido Augusto tinha um coração bom, não guardava mágoas e sabia perdoar. São virtudes suas, sem dúvida, e que também enobrecem um administrador público, mas virtudes que se usadas em excesso, podem levar a sua administração à  manipulação de pessoas interesseiras e sem maiores compromissos com a seriedade da administração pública.

Elogiaria também o grande silêncio que ele fez, ao se retirar da administração pública, em relação às novas administrações de Senhor do Bonfim, evitando pronunciamentos condenatórios e retóricos que viessem a interferir na tranqüilidade e ritmo dessas administrações.

Afirmaria também que uma análise maior do perfil administrativo de Cândido Augusto, há de considerar que ele atuou, nos últimos tempos, em um momento de transição do controle social e público sobre as gestões municipais. Momento este em que a Lei de Responsabilidade Fiscal, a atuação rigorosa  da Controladoria Geral da União, dos Tribunais de Contas,  e a consolidação de uma Controladoria Interna ainda não estavam definidos no cenário das administrações municipais: os prefeitos, até então, governavam sem estes mecanismos de controle, avaliação e orientação, planejavam e agiam muitas vezes de forma amadora e sem um apoio e um norte que lhes garantissem o prumo da gestão. Diria, mesmo, que Cândido Augusto foi o último prefeito de Senhor do Bonfim  a governar em um quadro antigo das administrações municipais. Um quadro em que o prefeito tinha contra si a ausência de olhares institucionais  fiscalizadores e controladores capazes de ajudá-lo a bem governar, fugindo-se de interesses imediatos de co-gestores do seu processo de governo.

Por fim, antes de fazer a oração final que levaria o seu esquife à sepultura eu diria que  Cândido Augusto nos ensinou a renovar o amor, permanentemente, para com o solo que nos viu nascer, a nossa querida Senhor do Bonfim. Descanse em paz!


Senhor do Bonfim, 5 de outubro de 2010.



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