Cândido Augusto |
CONSIDERANDO
O TERCEIRO ANIVERSÁRIO DE FALECIMENTO DO EX-PREFEITO CÃNDIDO AUGUSTO
MARTINS, REPUBLICO A CRÔNICA ESCRITA POR OCASIÃO DE SEU FALECIMENTO
PREMATURO:
CANDIDO AUGUSTO MARTINS: O DISCURSO QUE
NÃO FIZ
Paulo B. Machado – Prefeito de Senhor do
Bonfim
Após visitar as obras da Escola-creche
do Loteamento Emanuele, Alto da Maravilha, pedi ao motorista que se dirigisse
ao Cemitério São Lázaro, para uma visita especial. Sol causticante, postei-me
ante o jazigo da família Freitas Martins, onde as coroas de flores ainda
recentes cobriam toda a extensão do mausoléu, fiz uma prece, e pronunciei, no
silêncio do meu peito, o discurso que não fiz por ocasião do sepultamento do
ex-prefeito Cândido Augusto Martins.
Caso fosse orador, teria tomado para mim
a frase marcante de Paulo Braga, de que ali se encontrava um homem público que
iniciou a sua carreira política rico, e terminara pobre. Sem entrar em
digressões maiores diria que este fato enobrece a biografia do ex-prefeito
pranteado, diante de uma tradição infeliz em que prefeitos pobres deixam o
cargo ricos e a esbanjar dinheiro, e prefeitos ricos já passaram a faixa a
outros ainda mais ricos.
Diria também o que muitos disseram
nestes dias, que Cândido Augusto tinha um coração bom, não guardava mágoas e
sabia perdoar. São virtudes suas, sem dúvida, e que também enobrecem um
administrador público, mas virtudes que se usadas em excesso, podem levar a sua
administração à manipulação de pessoas
interesseiras e sem maiores compromissos com a seriedade da administração
pública.
Elogiaria também o grande silêncio que
ele fez, ao se retirar da administração pública, em relação às novas
administrações de Senhor do Bonfim, evitando pronunciamentos condenatórios e
retóricos que viessem a interferir na tranqüilidade e ritmo dessas
administrações.
Afirmaria também que uma análise maior
do perfil administrativo de Cândido Augusto, há de considerar que ele atuou,
nos últimos tempos, em um momento de transição do controle social e público
sobre as gestões municipais. Momento este em que a Lei de Responsabilidade
Fiscal, a atuação rigorosa da
Controladoria Geral da União, dos Tribunais de Contas, e a consolidação de uma Controladoria Interna
ainda não estavam definidos no cenário das administrações municipais: os
prefeitos, até então, governavam sem estes mecanismos de controle, avaliação e
orientação, planejavam e agiam muitas vezes de forma amadora e sem um apoio e
um norte que lhes garantissem o prumo da gestão. Diria, mesmo, que Cândido
Augusto foi o último prefeito de Senhor do Bonfim a governar em um quadro antigo das
administrações municipais. Um quadro em que o prefeito tinha contra si a
ausência de olhares institucionais
fiscalizadores e controladores capazes de ajudá-lo a bem governar,
fugindo-se de interesses imediatos de co-gestores do seu processo de governo.
Por fim, antes de fazer a oração final
que levaria o seu esquife à sepultura eu diria que Cândido Augusto nos ensinou a renovar o amor,
permanentemente, para com o solo que nos viu nascer, a nossa querida Senhor do
Bonfim. Descanse em paz!
Senhor do Bonfim, 5 de outubro de 2010.
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