MONTE SANTO DE FREI APOLÔNIO
José Gonçalves do Nascimento*
Na região da Úmbria, próximo a Assis, está Todi. Nessa cidade do centro da Itália nasceu frei Apolônio, que, entre nós, imortalizou-se como frei Apolônio de Todi, numa alusão à sua terra de origem.
Frei Apolônio nasceu em 23 de janeiro de 1747. Ainda jovem, ingressou na Ordem dos Capuchinhos. Foi ordenado sacerdote em 1772, contando então com 25 anos de idade. Poucos anos depois, transferiu-se para o Brasil, onde viveu com intensidade sua vocação missionária. Morreu no dia 14 de julho de 1828 na cidade de Mairi, sendo ali sepultado.
Foi ele o primeiro religioso a adentrar as nossas caatingas para, de fato, evangelizar. Podemos dizer que o Evangelho entrou no sertão através do seu testemunho. Euclides da Cunha o classificou como "o apóstolo dos sertões", tamanha a importância do mesmo no processo de formação da história regional.
Em grande parte da Bahia, o frade italiano deixaria sua marca. Do sertão, passando pelo recôncavo, chegou ele até o sul do estado. Muitas cidades por onde passou, ainda guardam um sinal da sua ação missionária.
Conforme o cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, “em 1782, auxiliando o Visitador arquidiocesano, [frei Apolônio] fez-se presente em trinta e uma freguesias. Em 1785, como exímio pregador de missões, percorreu vinte e três cidades e povoações, desde Abrantes e Jeremoabo até Olivença e Almada, além de muitos outros lugarejos. Tal sua dedicação à causa divina, que não podia tolerar uma igreja estragada ou em ruína. Onde quer que encontrasse alguma nesse estado, tanto falava, e pregava, e insistia que lhe promovia imediatamente a restauração”. (http:// www.catedralgo.com.br/).
Todavia, é no sertão que está sua obra maior: Monte Santo.
Até 1785, Monte Santo era um pequeno logradouro, denominado Pico Araçá, possessão da Casa da Torre. Frei Apolônio, que assistia a freguesia do Massacará, por vezes ali ia para ministrar os sacramentos. Numa dessas desobrigas, encantou-se com a montanha à sombra da qual se situava o povoado. Achou-a parecida com o Monte Sião dos textos bíblicos. Então, convidou o povo a subir até o ponto mais alto da serra, onde foi plantada uma grande cruz de madeira. Daquela data em diante, o monte passou a chamar-se Monte Santo e com esse mesmo nome foi batizado o vilarejo.
Era 1º de novembro de 1775. Naquele dia foi realizada a primeira romaria da Santa Cruz, que, a pedido do religioso, deveria ser repetida a cada ano, no dia de Todos os Santos. A palavra do frade foi ouvida, o costume se propagou e Monte Santo se transformou em terra de romaria.
Sobre o monte, num percurso de três mil metros, fez-se majestoso caminho de pedra ao longo do qual se construíram 25 capelinhas, culminando com uma capela maior, onde é venerada a Santa Cruz. A tradição ultrapassa dois séculos e, já desde muito, as romarias não acontecem apenas no dia primeiro de novembro, mas no decorrer de todo o ano.
Anos depois (1790), Monte Santo foi elevado à categoria de freguesia dedicada, por sua vez, ao Sagrado Coração de Jesus, como o é, ainda hoje.
Frei Apolônio de Todi é, portanto, o baluarte da nossa história; o fundador de Monte Santo. Seu nome é peça chave na memória dessa terra. A ele deve-se imensamente, pois o vasto patrimônio cultural e religioso de que é possuidora essa terra é fruto de seu labor missionário.
É de se lamentar, todavia, que a homenagem feita pela cidade a uma figura de tamanha envergadura, não passe de uma simples ruela escondida por trás da igreja matriz. O bravo missionário mereceria coisa maior.
*Poeta cronista
jotagoncalves_66@yahoo.com .br
— José Gonçalves do Nascimento*
Na região da Úmbria, próximo a Assis, está Todi. Nessa cidade do centro da Itália nasceu frei Apolônio, que, entre nós, imortalizou-se como frei Apolônio de Todi, numa alusão à sua terra de origem.
Frei Apolônio nasceu em 23 de janeiro de 1747. Ainda jovem, ingressou na Ordem dos Capuchinhos. Foi ordenado sacerdote em 1772, contando então com 25 anos de idade. Poucos anos depois, transferiu-se para o Brasil, onde viveu com intensidade sua vocação missionária. Morreu no dia 14 de julho de 1828 na cidade de Mairi, sendo ali sepultado.
Foi ele o primeiro religioso a adentrar as nossas caatingas para, de fato, evangelizar. Podemos dizer que o Evangelho entrou no sertão através do seu testemunho. Euclides da Cunha o classificou como "o apóstolo dos sertões", tamanha a importância do mesmo no processo de formação da história regional.
Em grande parte da Bahia, o frade italiano deixaria sua marca. Do sertão, passando pelo recôncavo, chegou ele até o sul do estado. Muitas cidades por onde passou, ainda guardam um sinal da sua ação missionária.
Conforme o cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, “em 1782, auxiliando o Visitador arquidiocesano, [frei Apolônio] fez-se presente em trinta e uma freguesias. Em 1785, como exímio pregador de missões, percorreu vinte e três cidades e povoações, desde Abrantes e Jeremoabo até Olivença e Almada, além de muitos outros lugarejos. Tal sua dedicação à causa divina, que não podia tolerar uma igreja estragada ou em ruína. Onde quer que encontrasse alguma nesse estado, tanto falava, e pregava, e insistia que lhe promovia imediatamente a restauração”. (http://
Todavia, é no sertão que está sua obra maior: Monte Santo.
Até 1785, Monte Santo era um pequeno logradouro, denominado Pico Araçá, possessão da Casa da Torre. Frei Apolônio, que assistia a freguesia do Massacará, por vezes ali ia para ministrar os sacramentos. Numa dessas desobrigas, encantou-se com a montanha à sombra da qual se situava o povoado. Achou-a parecida com o Monte Sião dos textos bíblicos. Então, convidou o povo a subir até o ponto mais alto da serra, onde foi plantada uma grande cruz de madeira. Daquela data em diante, o monte passou a chamar-se Monte Santo e com esse mesmo nome foi batizado o vilarejo.
Era 1º de novembro de 1775. Naquele dia foi realizada a primeira romaria da Santa Cruz, que, a pedido do religioso, deveria ser repetida a cada ano, no dia de Todos os Santos. A palavra do frade foi ouvida, o costume se propagou e Monte Santo se transformou em terra de romaria.
Sobre o monte, num percurso de três mil metros, fez-se majestoso caminho de pedra ao longo do qual se construíram 25 capelinhas, culminando com uma capela maior, onde é venerada a Santa Cruz. A tradição ultrapassa dois séculos e, já desde muito, as romarias não acontecem apenas no dia primeiro de novembro, mas no decorrer de todo o ano.
Anos depois (1790), Monte Santo foi elevado à categoria de freguesia dedicada, por sua vez, ao Sagrado Coração de Jesus, como o é, ainda hoje.
Frei Apolônio de Todi é, portanto, o baluarte da nossa história; o fundador de Monte Santo. Seu nome é peça chave na memória dessa terra. A ele deve-se imensamente, pois o vasto patrimônio cultural e religioso de que é possuidora essa terra é fruto de seu labor missionário.
É de se lamentar, todavia, que a homenagem feita pela cidade a uma figura de tamanha envergadura, não passe de uma simples ruela escondida por trás da igreja matriz. O bravo missionário mereceria coisa maior.
*Poeta cronista
jotagoncalves_66@yahoo.com
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