quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Morre a Irmã do Jornalista Antonio Britto


MEU CORAÇÃO ESTÁ DE LUTO

Antônio Britto

Acabo de receber a notícia do falecimento, no Rio de Janeiro, aos 78 anos de idade, minha irmã Niêta, gêmea comigo. A notícia abala-me tanto quanto a da morte há poucos dias, na Bahia, de outra irmã, Edite, aos 97 de idade. Das três irmãs que tive, Elísia, a mais velha, é falecida há décadas. Todas são meus entes queridos. Parte dos primeiros amores da vida de qualquer vivente. Sangue das veias familiares. Todas foram mães de família e deixaram herdeiros. Sofrem grande perda e, como eu, sentem profundamente sua falta.
A morte destas duas, no espaço de poucos dias, traz-me um desconforto que não se explica. Passei o Ano Novo remoendo a perda de Edite, embaraçado, incapaz de externar meus sentimentos. Ainda sob estas reflexões, sinto agora novo golpe com a perda de Niêta. Só o sentimento de que a morte é inevitável pode passageiramente nos consolar. - a mim e a centenas de parentes e amigos. Todos que conheceram Edite e Niêta podem testemunhar de suas índoles extremamente boas, pacíficas, amáveis e solidárias. Qualidades raríssimas, didfíceis de se encontrar.
Edite nasceu na roça, nela se criou e morreu. Em março/2017 fui ao seu aniversário, próximo dos 100 anos, festejado pessoalmente por familiares que se deslocaram até de São Paulo e Salvador para a pequena propriedade rural próxima do Curralinho (entre Serrinha e Conceição do Coité). Havia uma veneração pelo “anjo” que ela era.
Niêta, minha gêmea que agora falece, morava no Rio, para onde foi levada, por mim, por força de minha militância política, na época da Ditadura Militar. Ela nunca foi militante partidária, porém se notabilizou como a enfermeira prestativa que atendia sem nada cobrar aos vizinhos e moradores próximos de Padre Miguel, Realengo, Magalhães Bastos. Era sempre uma espécie de “Irmã Dulce” para essas comunidades, principalmente as mais carentes.
Eu muito me orgulho da natureza destes entes perdidos. E este orgulho é o máximo da homenagem que posso prestar-lhes no momento. Isto, porque eu próprio estou, há cerca de 20 dias, com persistente inflamação nos pés, sem poder andar firmemente ou calçar sapatos. Coisa leve, má circulação na área, segundo médicos que me receitam.
Infelizmente é dura a lei da vida. Nasceu, de alguma forma vai desaparecer. Ainda assim, a VIDA continua a ser esta aventura misteriosa e este bem maravilhoso que deve ser celebrado por todos aqueles respiram e vivem. Meu coração está de fato enlutado.

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