Oficinas, mutirões, dias de campo, cursos, reuniões e encontros são algumas das metodologias utilizadas para aprofundar temáticas escolhidas pelas 540 famílias agricultoras beneficiárias do projeto de Assessoria Técnica e Extensão Rural (Ater) Agroecologia, nos municípios de Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Remanso, Pilão Arcado e Uauá, acompanhadas pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa). Temas relacionados à cultura e necessidades apontadas pelos agricultores/as durante o planejamento comunitário com o objetivo de promover interação entre os participantes e construção de novos saberes.
A partir das demandas das comunidades, temas como: caprinos, manejo de solo, recaatingamento, sistema agroflorestal, apicultura, comercialização, beneficiamento de alimentos, políticas públicas, uso e conservação de água, dentre outros temas estão sendo trabalhados com as comunidades de acordo com a realidade local de cada uma. Dessa forma, a comunidade Sítio de Alexandre, Santana e arredores, no município de Curaçá, apontou como uma necessidade das famílias, compreender mais sobre comercialização para poder escoar a produção excedente das famílias que muitas vezes se perde.
Na oficina, os/as agricultores/as fizeram uma exposição, com cerca de 20 produtos produzidos sem veneno, dentre eles: tomate cereja, coentro, alface, limão, pimenta, aipim, goiaba, mamão, rúcula e couve. A exposição dos alimentos colaborou para que a comunidade percebesse a diversidade da sua produção.
Além de evidenciar essa potencialidade, através da escuta dos agricultores/as foi possível criar estratégias, a exemplo da logística e divulgação, para organizar o escoamento do excedente, evitando a perda. Os/as participantes “Escolheram fazer a primeira feira agroecológica na comunidade, aproveitando o dia de reunião da associação para apresentar a feira, para que as famílias possam ter um ponto onde comprar produtos saudáveis, garantindo a segurança alimentar e nutricional”, explica o colaborador do Irpaa, Alessandro Santana.
Alguns agricultores/as já comercializam produtos, o que colabora com a renda da família, como a jovem Cristina de Aquino, da comunidade Urtiga de Cima. “A gente vende a mandioca de porta em porta, quando chega em casa que tira o dinheiro do combustível e a diária de quem foi vender, o dinheiro que sobra já é um complemento para comprar “arroz e feijão””, destaca Cristina.
A agricultora e presidente da associação Sítio de Alexandre, Maria Luzinete da Silva também já vende alguns produtos como coelho, alface e beterraba, e reconhece a importância da sua produção agroecológica. “Vendo para os vizinhos que não tem, e já vendi também em Patamuté (Curaçá) ... As pessoas hoje procuram muito os alimentos que não tem veneno, e esses produtos que a gente produz são sadios”, afirma Luzinete. Assim como a família do agricultor José de Almeida, que comercializa parte da produção “Nós temos laranja, limão, tangerina, coco, maracujá do mato. Pra gente já é uma grande coisa, serve pra gente comer, comprar açúcar, café, remédio”, diz o agricultor.
Apesar de alguns agricultores/as já venderem parte dos produtos excedentes, a comunidade sinalizou a necessidade de uma assessoria voltada à comercialização para reduzir a perda de alimentos e aumentar a renda familiar. Dessa forma, o colaborador do Irpaa, Manuel Ribeiro, mais conhecido como Betinho, que acompanha essas famílias, destaca que essa é uma oportunidade “De ofertar o excedente daquilo que não se consome, através do porta a porta, feira agroecológica, feira livre, e que esse movimento possa contribuir com o incremento das rendas das famílias e também com a sua autonomia”.
Assim como a comunidade Sítio de Alexandre, Santana e arredores, em Curaçá demonstrou o interesse em discutir e colocar em prática a comercialização dos produtos agroecológicos, a comunidade Tanque Novo, no município de Juazeiro, mostrou interesse a respeito do Sistema Agroflorestal (SAF) que otimiza o uso da terra, ao conciliar a preservação ambiental com a produção de alimentos, pois como diz o agricultor Carlos Antonio Nunes, mais conhecido como Toinho, “É muito importante a gente preservar a caatinga”.
Para a realização do SAF na propriedade de Toinho, foi feito um mutirão, no qual outros/as agricultores/as colaboraram com o plantio de mudas doadas pela Escola Família Agrícola de Sobradinho (EFAS), plantas nativas como: umbuzeiro, umburana, tamarindo; e exóticas como: romã, pinha e limão, além do milho crioulo.
O SAF “Vai incentivar a família a reservar uma área na sua propriedade para cultivar essas plantas (...) Nessa integração, ele vai ter diversidade, zelo e preservar o espaço, o ambiente, além de algumas práticas de cobertura verde e adubação natural com esterco. É uma forma da gente incentivar a família a olhar para o seu ambiente, preservar, cuidar e recaatingar”, complementa Alessandro.
Esta etapa do projeto Ater Agroecologia financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), está colaborando para fortalecer as famílias, as comunidades e as práticas agroecológicas.
Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
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