*“POR AMOR DE DEUS E DO OURO”*
Tudo começou quando hordas de branquelos barbudos e bexiguentos cruzaram a linha do horizonte, aportando naquele que seria o Eldorado das suas mil e uma ambições.
2
Batizaram,
cristianizaram a terra pura,
Cravaram no seu seio o lenho pesado da solidão secular.
Era o início do império do deus grego/romano/judaico – o deus dos mares, das guerras, dos exércitos.
O evangelho europeu – o “alfa” e o “ômega”, “o princípio” e o “fim” – tornava-se fiador inconteste da pilhagem sórdida dos Fernandos e dos Alexandres;
dos Colombos e dos Cortezes;
dos Pizarros e dos Cabrais.
Numa mão, a espada cortante – velha conhecida dos cruzados.
Noutra mão, a cruz ensanguentada – marca inconfundível dos onipotentes, oniscientes e onipresentes cidadãos de bem e... e de bens.
3
Assim procediam os profetas do capitalismo comercial europeu –
saqueadores infames investidos de honrarias reais.
Assim procediam os ministros do deus vingador –
responsáveis por condenar milhões de nativos à fúria dos arcabuzes e das pestes.
4
E não deu outra.
5
Em pouco tempo,
Em muito pouco tempo,
O que fora uma rica e portentosa civilização
Havia se transformado
Em alguns montículos de cinza e escombro.
6
E assim,
Sobre a terra banhada
De sangue nativo,
E sob a sombra da espada
E do cruzeiro do sul,
Ergueu-se a civilização
Do novo mundo,
Cujo destino até hoje
Foi a da servidão
Mais vil e humilhante.
7
Bem que o velho índio dizia que o malfeito mora para além do mar e viaja de caravelas.
_José Gonçalves_
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