terça-feira, 11 de dezembro de 2012

CENTENÁRIO DE UM REI: LUIZ GONZAGA E SENHOR DO BONFIM

José Gonçalves
Luís Gonzaga do Nascimento, conhecido também como o Rei do Baião, foi um dos mais completos protagonistas da música popular brasileira.

Nascido em 13 de dezembro de 1912, no município de Exu, interior de Pernambuco, era filho do sanfoneiro Januário, de quem herdou a aptidão para a música. Partiu para o Sul do país em 1939, após ingressar no Exército brasileiro e percorrer grande parte do território nacional. No Rio de Janeiro deu baixa das armas e passou a ganhar a vida tocando nos prostíbulos da zona do Mangue.

Em 1941, foi contratado no programa de calouros de Ari Barroso, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, gravando música instrumental e tentando encontrar um novo estilo que pudesse definir sua carreira musical. Em 1946, em parceria com Humberto Teixeira, lançou a música “Baião”, que logo ganharia a simpatia do público brasileiro. A canção era um convite ao novo ritmo de dança que então se inaugurava: "Eu vou mostrar pra vocês/Como se dança o baião/E quem quiser aprender/É favor prestar atenção/Morena chegue pra cá/Bem junto ao meu coração/Agora é só seguir/Pois eu vou dançar o baião".

Talento raro e inimitável, Luís Gonzaga cantou a dor e as alegrias do povo nordestino, em músicas antológicas como Triste Partida, Asa Branca, Assum Preto, Qui Nem Jiló, Mandacaru, Juazeiro, dentre outras. Detentor de expressiva plêiade de fãs e admiradores, sua música e seu estilo continuam a influenciar a gerações contemporâneas.     

Ao todo, Luiz Gonzaga gravou cinquenta e seis discos que reúnem mais de quinhentas canções de grande sucesso nacional. Recebeu no ano de 1984 o primeiro disco de ouro, com a música “Danado de Bom”, outro grande clássico do seu consagrado repertório.

Em mais de cinquenta anos de trajetória, o Velho Lua, como também era conhecido, percorreu o Brasil de ponta a ponta, levando poesia aonde quer passasse. Mas foi no nordeste, “seu berço, seu lar” que ele dedicou maior parte da sua vida musical. 

Participou de inúmeros “sanjoões” na cidade de senhor do Bonfim, apresentando-se, inicialmente, em toscas carrocerias de caminhão. Fotografias, recortes de jornais e registros outros dão testemunho das vezes em que o talentoso criador do Baião cantou em terras bonfinenses.

Sua última apresentação na Terra do Bom Começo foi no dia 18 de junho de 1988, o último ano em que participou das festas juninas, pois logo viria a adoecer, ficando impossibilitado de participar de shows e de fazer o que ele mais apreciava: cantar e tocar sanfona.

No ano de 1989, no dia 02 de agosto, às cinco e quinze da manhã, morreu o Rei do Baião, depois de quarenta e dois dias internado no Hospital Santa Joana na cidade de Recife. No seu sepultamento compareceram mais de vinte mil pessoas, que cantaram Asa Branca, enquanto o caixão descia à sepultura.

Em junho de 2012, por iniciativa do prefeito Paulo Batista Machado, foi inaugurada em Senhor do Bonfim portentosa estátua do Rei do Baião, hoje orgulho da gente do lugar. Medindo cerca de dois metros e meio de altura e esculpida em pedra “xisto biotita” pelo artista plástico Florinaldo Souza dos Santos, o Galego, da cidade de Campo Formoso, o monumento encontra-se localizado na entrada do Parque da Cidade, antigo aeroporto, uma das áreas mais nobres da cidade de Bonfim.


José Gonçalves do Nascimento
Membro da Academia de Letras e Artes de Senhor do Bonfim – ACLASB

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