Dotado de cinco preciosos sentidos, nem sempre o ser humano consegue canalizar suas percepções para a realidade que o cerca. Fugindo de observar o mundo como ele realmente é, opta por situar seu aguçado senso de observação na fantasia ou nas utopias do caminho.
Inegável reconhecer que a experiência terrestre quase nunca se apresenta como um constante mar cor de rosa, um campo de flores perfumadas ou uma instância de prazeres intermináveis. A presença da dor, as enfermidades dilaceradoras, as frustrações no terreno sensível dos sentimentos e a morte se constituem em motivos para lágrimas e sofrimentos, obrigando o caminhante a constante revisão de seu percurso nas trilhas do mundo.
Por isso mesmo, a Terra será sempre uma escola correcional para os transviados, reformatório para trânsfugas das leis eternas, manicômio para os desequilibrados e prisão carnal para todos, buscando na vestimenta física aquisição de valores imperecíveis para a jornada da alma em busca da luz.
E em toda parte somos convidados pelos sutis mecanismos da existência a colaborarmos de algum modo para a melhoria incessante da escola planetária, ao tempo que entesouramos valores no campo da sabedoria para nossa ascese à plenitude.
A mensagem de Jesus, deixada no mundo há dois mil anos se constitui, até hoje, no mais eloquente apelo para que o amor substitua o ódio, a ternura ocupe o lugar da agressividade, o perdão se torne automático nos relacionamentos e a esperança não desapareça de nossa intimidade quando surja o tempo dos grandes testemunhos, a que ninguém se furtará de experimentar em sua jornada para os cimos da vida maior.
Por isso, amigo da senda, te busco os ouvidos suplicando, ouça:
Embaixo de tua janela existe uma criança indefesa e faminta. Treme de frio e foge de casa onde apenas sofreu violência e abandono. O pranto dela chegou aos teus ouvidos. Acolhe e ajuda!
Veja: o idoso claudicante tem dificuldade em atravessar a rua apinhada de carros. Ele sofre a própria fragilidade física e espera um braço amigo que lhe garanta equilíbrio e sustento na travessia. Sê ponte segura para ele!
Sinta: alguém te buscou a sensibilidade para desabafar algum transtorno das emoções. Tem necessidade de ser escutado. Mais do que ouvir, oferta teu tempo e teu interesse na dor que domina o outro em alienação. Ele pode estar arquitetando evadir-se da vida pela porta equivocada do suicídio, mas a Divindade agiu primeiro, te encaminhando essa alma sofrida aos teus cuidados. Partilha a dor dele contigo, dividindo o peso da cruz para que o outro não desista em meio ao caminho.
Aja: soubeste deste ou daquele lugar em penúria. Tiveste notícias daquela família em miséria e fome. Não aguardes o socorro público. Pode chegar tarde. Se podes e quiseres, age agora com o que tiveres, amparando e auxiliando para que não tombem na alucinação que os consome.
Quando adotaste Jesus como teu modelo e guia, firmaste contigo e com Ele um pacto de serviço constante. Onde fores, com quem estiveres, serás sempre braços e mãos da misericórdia, agindo no mundo em nome do amor não amado.
Nunca te esqueças de que a Terra está cheia de pregadores e oradores cristãos, mas o Mestre aguarda vivenciadores da mensagem, que façam da própria existência sublime apostolado na ação incessante de doação de suas vidas para aperfeiçoamento da sociedade em convulsão.
- Meus discípulos serão reconhecidos por muito amarem!
Sem essa adesão às sublimes diretrizes do Cristo, seremos tão somente simpatizantes da causa, ainda embotados nos sentidos, que nos pedem ação transformadora em favor de uma vida melhor.
Marta
Juazeiro, 21.04.2021
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