sábado, 6 de abril de 2013

A Dor da perda de um Ente Querido-Maelton, até logo...

Por Marcos Cesário

Acordei, levantei da cama, abri a janela e me disse o que me digo todos os dias: mais um dia... Para Maelton, de 24 anos, que foi enterrado há três dias: menos um dia... Maelton lutou como podia, cumpriu seu dever de lutar por sua vida. Quando os médicos lhe disseram que a cirurgia para tentar remover o tumor em sua cabeça poderia trazer-lhe sequelas, ele não pareceu aos seus familiares, que estava com medo. Ele apenas disse que não se importaria tanto em ficar surdo ou mudo, só não queria ficar cego. Eu também não quero, Maelton. Sempre tive medo de não ver as coisas mais simples: Como são simples os verdadeiros milagres (Exupéry). Sempre tive medo de não enxergar o que é verdadeiro e essencial na vida: o Amor.

O que é a morte? Ninguém sabe. Eu acredito que a morte é ampliar o olhar; é ver e sentir de outras formas. Quando escrevi um pequeno bilhete para Maelton há menos de dois meses atrás, logo depois que os médicos descobriram um tumor avançado em seu cérebro, eu comecei a conviver com ele em meus dias, em meus pensamentos, lhe desejando o que desejo para mim: Tempo, para viver sem barulho no silêncio dos meus dias, naquele silêncio onde as coisas mais importantes acontecem, assim como, dia a dia Maelton vivia ao buscar sua esposa no trabalho ao final do expediente,e ia para casa encontrar sua mãe, seus irmãos, irmãs, seus sobrinhos, encontrar todo dia aquilo que nos permite ser quem somos, o olhar de quem nos ama e de quem amamos.

E me pergunto de novo: O que é a morte?

Não sei, mas desde quando minha mãe morreu aprendi a encontrar cada vez mais sua presença em minha vida. Passado mais de dez anos ainda me comove e me amplia como homem os seus gestos mais simples. Era tão lindo como minha mãe sorria... Não será diferente com Maelton, o amor dos que não deixarão de amar nele cada gesto, aqueles que pareciam mais banais, como uma forma de rir ou de chorar, de pentear o cabelo... Estas lembranças trarão, pouco a pouco, Maelton de volta, porque as pessoas amadas vivem dentro de nós. Só quando deixamos de amar alguém é que ela morre.

Depois de depois de amanhã esta angústia, esta dor de ferida exposta vai passar, e a morte será vencida pelo amor de cada recordação vivida por todos aqueles que viveram nele e com ele. Maelton ressuscitará.

Desejo a todos os que estão sofrendo esta dor, este desespero de ver um jovem, um filho, um irmão, um marido,um amigo... partir, o consolo das lembranças que o amor em breve lhes trará. O que posso, e como posso, é através destas inúteis palavras oferecer a única coisa que me deram de verdadeiro quando minha mãe morreu: o Silêncio.

Maelton, até logo.

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