Sérgio Reis
Saímos ao escurecer, munidos de apitos em busca da feira chic que se realizava na Praça Dr. José Gonçalves. O Beco do Bazar concentrava uma multidão, que confraternizava, adquiria presentes, enquanto a meninada ensurdecia os mais velhos soprando os indefectíveis apitos. As lojas ficavam lotadas. Para adentrar no Cocone, Ferreirinha, Cometa, Antônio da Loja, Benelício, Geraldo Bega era um sacrifício pelo consumo. Na loja do Mourão, crianças retardatárias entregavam ao Papai Noel seus pedidos de presentes. A Sorveteria do Chico servia delicias geladas muito disputadas. No Bar do Teco, concentravam aqueles que preferiam uma Brahma gelada de casco escuro a uma caminhada pelo centro da urbe. Na feira chic, a barraca principal era do 'Santos'. Bem defronte aos Correios. Era um luxo! Ali se encontravam delícias que naqueles tempos, nunca estavam nas prateleiras das mercearias da Cidade, como uvas, peras e maçãs. Morder uma maçã, na noite de Natal, era algo fantástico. Como tinha um sabor diferente! A caminhada prosseguia em busca de outras iguarias. O algodão doce era a próxima parada. A criançada não dispensava também as castanhas de caju, servidas em cestinhas decoradas com papel celofane. Os mais velhos tomavam uns goles de gengibirra, bebida que desapareceu com os tempos. À meia noite, na Catedral, o padre Lourenço celebrava a Missa do Galo e as beatas, comandadas por D. Lidinha, soltavam os acordes musicais natalinos tão bem ensaiados durante todo o ano. Encerrado o culto religioso, todos se recolhiam a suas casas e a meninada torcendo pela chegada da manhã para ver enfim o presente que o Papai Noel depositou nos sapatinhos!
Bons tempos!!!
Bons tempos!!!
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