Carlos Alberto Neves, o Biriba
A fogueira das moças começou com uma idéia da Professora Giselda Simões Jambeiro, no mês de junho, no ano de 1970. Ela reuniu-se com Catarina, Fátima, Marly Jambeiro, Carmelita, Rute de D. Mariá, Lilinda de mãe Júlia, Ivana, Célia Sá e Cacá, sugerindo fazer uma fogueira de ramos no dia 30 de junho, “Dia de São Marçal”, para homenagear as “Moças”. A sugestão foi aceita e no mesmo ano realizaram a primeira edição, tendo como sítio o campinho de futebol da Rua Visconde do Rio Branco.
São Marçal é o padroeiro do desapego, do povo das águas e das mulheres das marés. A celebração é uma marca cultural que encerra os festejos juninos, perdurando até a madrugada de 1º de julho, em reverência ao último dos quatro santos do período junino.
A “fogueira das moças” tomou uma dimensão, tal que o evento passou a fazer parte do calendário do São João de Senhor do Bonfim, marcando o encerramento das festividades juninas.
Na tarde do dia 30 de junho, as moças se reuniam para o planejamento e logística da festa, a arrumação da rua, coleta dos prêmios, compra das comidas e bebidas. Definia-se também onde iriam buscar a árvore: se na Roça de Seu Deca (Rua da Olaria), na Gruna (nas proximidades da fazenda Suíça), ou na Rua Carrapichel (antiga estrada Bonfim-Juazeiro). O grupo saia para pegar o ramo da fogueira, com apoio da rapaziada da rua: Fernando Jambeiro, Alberto Lira (Lacerdinha); Francisco Lira (Vivi) e Raimundo (vermelho filho de D. Mariá), que faziam a condução. Nos anos seguintes, a turma recebeu reforço da garotada: Marão, Gué, Biriba, Marquinho Batatinha, Cláudio (filho de Zequinha testa rachada), Alcides, Jeréco, Pedrinho e Expedito Jambeiro.
Por volta das 17 horas, o cortejo retornava com a fogueira. Começava a ornamentação e colocação dos prêmios (saco de pipoca, laranja, milho, garrafas de vinho, bolo, roletes de cana e outras prendas); tudo bem amarrado nos galhos. Cavava-se um buraco e enfincava-se a “árvore”, que era erguida no centro do campinho. Enquanto isso, outra parte das moças arrumava bandeirolas e outros adereços, com palha de coqueiro e ouricuri. Esse era o palco da festa.
Chegada à noite, a fogueira era acesa e daí começava a “guerra de espadas”, tendo os moradores com defensores, enquanto os espadeiros se reuniam para “comer a fogueira crua”. Diante de toda aquela disputa, a molecada e curiosos esperavam ansiosos que o fogo consumisse o caule, até a “árvore” cair. Como a madeira era verde e demorava a ser consumida, os expectadores ficavam de olho nas guloseimas e prêmios que iriam pegar, na hora do “avança”. Aos poucos, o fogo consumia o tronco da árvore e era possível perceber a inclinação para sua queda. Gritavam: “a fogueira caiu!”. Daí, tinha início à correria pelos brindes, enquanto as espadas e o foguetório “comiam no centro”.
Passado esse momento, começava o forró ao som de radiola. O arrasta-pé era acompanhado de “comes e bebes”, em uma residência previamente escolhida, e se estendia noite adentro. E assim, os festejos Juninos eram encerrados em nossa cidade, restando uma grande saudade, e aguardando para tudo se repetir no ano seguinte.
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Foto: Acervo ACESB
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