José Gonçalves do Nascimento
Alguns indivíduos, ou até mesmo grupos sociais, têm tentado, a todo custo, desacreditar a política e os políticos. E o fazem incutindo a ideia de que todos os políticos são iguais e corruptos.
A intenção por trás disso, creio eu, é fazer com que a população perca de uma vez a crença na política e na gestão pública. O problema é que quando perdemos a crença na política, damos margem a três possibilidades, em nada abonadoras.
A saber:
1- abrimos caminho para o ditador, que, diga-se de passagem, não tolera a política (política aqui entendida enquanto disputa, confronto de ideias etc). O ditador trabalha na força do arbítrio.
entregamos os negócios do Estado à iniciativa privada. Ora, se os políticos não merecem o devido crédito, como confiar a eles a administração da escola, do hospital, da rodovia etc? – pensam os arautos da não-política.
damos oportunidade para que os malandros de plantão continuem no comando da coisa pública, fechando-se os caminhos para o surgimento de novos quadros e de novos projetos.
4- política é um valor, um patrimônio da inteligência humana. É impossível pensar na sociedade sem levar em conta a atividade política. Os desvios são desvios, são o não-ser (para usar uma expressão filosófica) da política. E isso pode ser depurado, corrigido, basta que melhor nos politizemos.
Desvios há em todas as atividades, havendo, em contrapartida, as instâncias responsáveis por corrigi-los. Generalizar, classificando todos os políticos como sendo corruptos, é algo como perder a crença na humanidade, humanidade na qual todos nos inserimos.
Não podemos, como se diz, lançar fora a água suja da bacia com a criança ainda dentro. É preciso depurar a política, lançando para longe dela apenas os que não a dignificam.
A corrupção é a exceção e não a regra do jogo. Desacreditar a política é o caminho para o caos absoluto.
José Gonçalves do Nascimento
Escritor.
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