No momento em que a Educação no Brasil sofre uma crise de financiamento, a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) tem como principal desafio a interiorização dos cursos de pós-graduação stricto sensu – apesar da paralisação dos professores de toda a rede superior de ensino público do estado.
De acordo com o reitor José Bites, todos os 24 campi da universidade têm especialização, mas a formação em mestrado e doutorado é oferecida em apenas seis: Salvador, Alagoinhas, Paulo Afonso, Juazeiro, Senhor do Bonfim e Santo Antônio de Jesus. “Temos que oferecer pós-graduação no interior da Bahia em mestrado e doutorado, para que se dê continuidade ao processo formativo dos profissionais, garantindo que se amplie o acesso aos programas de pós-graduação”, afirmou o Bites, que assumiu a Reitoria da instituição em 2014, quando era professor do campus de Senhor do Bonfim. A proposta da Uneb é defendida por alguns Diretórios Acadêmicos, como o de Valença. O estudante Aurineis Santos, em entrevista ao Bahia Notícias, destacou que o assunto já foi discutido em reunião de Colegiado no mês de maio, quando propuseram a inclusão de cursos de pós-graduação em áreas correlatas a Direito e Pedagogia, únicas do campus. “A gente já estudou a estrutura do campus e tem área para implementar, até porque não existe tanto questões estruturais, como laboratórios específicos, que cursos de Saúde e Engenharia poderiam exigir”, explicou Santos. Segundo o estudante, o projeto deve ser feito ainda neste ano e levado a consulta popular para definir se é de interesse da comunidade a implementação dos cursos.
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José Bites, reitor da Uneb, busca a interiorização da pós-graduação stricto sensu (Foto: Reprodução / Uneb)
“Nesse sentido de qualificar os professores, temos investido em doutorados para os professores através de programas interinstitucionais – universidades que oferecem programa de Doutorado Interdisciplinar (Dinter)”, acrescentou Bites. Neste ano, dois cursos já foram oferecidos em parceria com a Universidade São Paulo (USP) e com a Universidade de Campinas (Unicamp), de Comunicação e Geografia, em Juazeiro e Santo Antônio de Jesus, respectivamente. As aulas acontecem na Bahia e nas universidades que ofertam os cursos. Por outro lado, o reitor pondera que antes de realizar a expansão é preciso melhorar a qualificação da graduação e investir na pesquisa – o que sustenta a pós-graduação e lhe dá consistência -, além da infraestrutura. Esta, inclusive, é uma das dificuldades enfrentadas hoje pela Uneb. “A universidade cresceu em ingressos, mas não em estrutura. Estamos com muitos cursos e precisamos de mais salas de aula. Sem contar que é a única estadual que não tem restaurante universitário tendo cursos diurnos”, exemplificou a vice-coordenadora do DCE Campus Salvador, Jamile da Silva. Segundo a estudante, há departamentos que não têm salas de aula suficientes para comportar a demanda de todos os seus cursos. Independentemente da dificuldade, Jamile defende o interesse da instituição, já que a “universidade precisa cumprir com sua função social”. “Nada mais justo do que Uneb colaborar no desenvolvimento regional desses municípios, pra especializar até mesmo os estudantes que a Uneb graduou nesses locais”, acrescentou.
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O campus de Senhor do Bonfim é uma das seis unidades que já oferecem mestrado e doutorado, segundo Bites
Além do financiamento e da insuficiência de salas de aula, a Uneb também enfrenta o problema de campi sem sedes próprias. Segundo o reitor José Bites, o campus de Seabra ilustra bem a problemática. Embora a estrutura onde funciona a sede da Uneb no município seja alugada, Bites assegura que a realidade é inexpressiva em relação aos demais campi. “Todos os campi têm estrutura administrativa, acadêmica e espaços próprios para biblioteca. Todos os campi têm bibliotecas especificas, laboratório de informática. Os mais específicos, como de Agronomia, têm laboratórios específicos, voltados para as áreas que demandam os laboratórios”, ponderou, ao reconhecer em seguida que “isso precisa ser melhorado ano a ano”. Neste ano, o orçamento da Uneb é de R$ 438 milhões, dos quais R$ 329 milhões se destinam a recursos humanos (professores e técnicos administrativos do quadro permanente), outros R$ 93 milhões são direcionados ao custeio da universidade e apenas R$ 15 milhões são para investimentos na instituição. O financiamento é oriundo do tesouro estadual, que assegurou neste ano cerca de R$ 1,1 bilhões para as instituições de ensino superior, que incluem a Universidade Estadual do Sudoeste Baiano (Uesb), na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).
Bahia Notícias
Fonte: Blogdoclebervieira
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