BECO DO BAZÁ
Hélio Freitas - 1949
Todo mundo passiava
Lá no Beco do Bazá
Mais o mil que se uvia
Era o tra-ra-lá-ra-lá
Dos dado dentro do bogue
E da roleta rodar
Todo munido passiava
Lá no Beco do Bazá.
Todo mundo chasquiava
Todo mundo namorava
Todo mundo se arriscava
Num jogo que tinha lá.
Um movimento danado!
Uns pra lá, outros pra cá!
Mais porém também se uvia
Lá das bancas as arrelia!
Uns chegava, outros saía
Uns ganhava, outros perdia
Era um barabadá.
E eu de longe apreciava
Só com os zoio eu ganhava
Como sapo-cururu.
Sentado no meu caminho
Tali quá um passarinho
Lá do alto do seu ninho
Vendo briga de urubu!
Tudo corria animado!
Uns banqueiro afobado
Fazia pagamento errado
E embalançava os seus dado
Na ambição de ganhá.
Banqueiro, era por desgraça!
Uns quebrando, outros quebrado...
Inté seu Mané-do-apito
Tava balançando os dado!
“Camarão”do Júlio Véio
“Lingüiça”, o “poeta”Anjinho.
Seu Roxo, Neco, Totonho,
O veterano Minininho.
O Adauto da “Culturá”
O foguetero Zé Toco
E também o Valdemá;
“Aliás”, Arnóbio, Luizinho,
Bubú etc. Bagá.
Desses qui eu disse o nome
Qual bancou só com treis dado?
E não mudou umas veizinha
Uns dadozinho chumbado?
Bom... aí eu tou fora...
Isso é cum o “Zuca Pelado”
Qui nessa treira era mestre
E agora tá aposentado
Prefirindo sê ingraxate
Qui é tramalho mais honrado
Embora viva amarelo
De tanto cheirá calçado.
“Sinhô Ruím”, este, coitado!
Com toda pose trajado
Óclos de ouro banhado
Em pé fitava sua banca,
Cum seu caxeiro dum lado
Como se fosse um majó
Inspecionando os sordado!
Bancou, se alegrou, ganhou,
Ficou mais compenetrado.
Mais depois o azá chegou
E o cabra ficou azarado!
E pra incurtá a história
Do banqueiro distrenado
De meia-noite indiante
“Sinhô Rúim”tava quebrado!
E que esta sirva de lição
Para uns cabra safado
Qui botam banca de jogo
Vão roubá e saem roubado.
Quem mais lucrou desse jogo?
- Ora essa! Os delegado.
E oiando aquilo tudo
Eu disse de mim pra mim:
- Tudo na vida é um jogo
Tudo na vida é assim:
Uns perdendo, outros ganhando,
Uns se rindo, outros chorando,
Uns no começo e uns no fim.
Desde o dia qui eu nasci
Qui ouço gente afirmá:
“Esta vida é uma roleta”.
E eu digo pra completá:
- Este mundo onde vivemo
É um Beco do Bazá!
#minhacidade #senhordobonfim #bahia #nordeste #brasil #historia #memoria #cultura
Nenhum comentário:
Postar um comentário