Foto ilustrativa
Outrora, o planeta se cobria de florestas bravias, a perder-se de vista. Imensos oceanos lambiam, com suas águas salgadas, as praias alvinitentes de colossais porções de terra. Animais de variadas espécies corriam nas campinas e nas savanas, em tropel livre e desimpedido. Gigantes do ar sobrevoavam os penhascos e as montanhas altaneiras, buscando árvores para seus ninhos ou presas indefesas para o repasto.
Rios e cascatas rasgavam pradarias e vales floridos, onde apenas o sussurro do vento era escutado.
Escassos hominídeos habitavam o vasto planeta, em tempos remotos. Aqui e ali, pequenas tribos se aglomeravam em torno de uma liderança madura, a guiar-lhes na busca incessante de alimentos, atendendo à sobrevivência.
E a areia fina da ampulheta do tempo foi caindo no relógio sensível dos milênios sem fim...
Hoje, imensas metrópoles cobrem vastidões de terreno disputados. Rodovias pavimentadas rasgam paisagens áridas, onde veículos pesados transportam sonhos e projetos, desejos e frustrações.
Gigantescas barcaças marítimas singram os oceanos, carregando no seu colossal corpo de ferro e aço veículos e máquinas pesadas.
Cabos submarinos jazem mergulhados nas profundezas dos mares, interconectando pessoas, que se comunicam em velocidade assombrosa.
E nas cidades, a azáfama e a ansiedade galopante são as tônicas do momento.
Todos, ou quase todos, buscam um lugar ao sol ou seus quinze segundos de fama. Ao lado da luta titânica pela sobrevivência, pululam projetos ambiciosos de triunfo material e acúmulo de riqueza, permitindo uma vida sem maiores preocupações.
A filosofia ficou adstrita aos intelectuais. A vida religiosa faz parte de alguns poucos. A cogitação da vida futura restou como substrato de uma sudorese mental que nem todos estão dispostos a articular.
O passado está nos museus e nas séries de TV, o futuro jaz nos filmes de ficção científica e o presente deve ser aproveitado agora, nesse momento fugidio, que não se pode perder.
Mesmo adotando milhares de cultos religiosos, dispondo de filosofias respeitáveis do pretérito, a grande maioria ainda foge de qualquer cogitação em torno da impermanência de tudo que seja material.
O imediatismo é a moeda corrente. O materialismo é contágio fácil. Possuir coisas surge como uma tirania da qual ninguém abre mão de ser vassalo por opção.
Entretanto, uma mensagem fecunda surge como luz na noite escura das almas. Sugere a renúncia, o desprendimento, a abnegação em favor de causas humanitárias.
À ingratidão, continuar servindo. Ao ataque contra a honra, prosseguir trabalhando em favor de todos, na certeza de que a melhor defesa são os atos da criatura humana.
Ante a inquietação crescente, cinco minutos de oração e silêncio.
Se o murmúrio se alastra, adoção de palavras gentis ou atitudes que induzam ao pensar equilibrado.
Semeadura de uma fé lúcida.
Aceitação dos diferentes e opostos, ofertando a cada um deles o direito de ser como melhor lhes pareça.
Cultivo da confiança, não obstante as amarguras reinantes.
E quando o mundo pareça desmoronar, respeitáveis instituições mergulhem no descrédito e biografias surjam, de uma hora para outra, manchadas de opróbrio e vilania, refletir que ninguém está isento de erros, suscetível de queda e blindado contra as tentações.
Para quem adotou o Divino Mestre como modelo e guia, a senha de acesso aos aplicativos da vida maior permanece a mesma há vinte séculos:
*~ Servir, abençoar e passar, tolerando!*
Tens, por acaso, uma senha diferente?
Marta (Espírito)
Salvador, 07.04.2025
Médium: Marcel Mariano
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