segunda-feira, 7 de abril de 2025

Dia Mundial da Saúde

 



*_Segunda-feira, 07.04.2025_*

_*Dia mundial da saúde/corretor/do jornalismo/médico legista/nacional de combate ao bullying e à violência na escola.*_

_Ninguém a dispensa. Pessoa alguma vive sem ela. Desequilibrada, impõe internamento ou medicação para seu restabelecimento._

_Não é só do vaso orgânico. Dilatou-se para sua percepção mental, emocional, espiritual, social, etc._

_Seja hoje corretor de seu prédio sagrado. Não basta uma boa fachada. O edifício da alma tem de estar sadio por dentro._

_Que sua segunda-feira, primeiro dia útil da semana, seja de saúde, trabalho e iluminação interior. Paz abundante! 

Marcel Mariano


O imediatismo é a moeda corrente

 


Foto ilustrativa


Outrora, o planeta se cobria de florestas bravias, a perder-se de vista. Imensos oceanos lambiam, com suas águas salgadas, as praias alvinitentes de colossais porções de terra. Animais de variadas espécies corriam nas campinas e nas savanas, em tropel livre e desimpedido. Gigantes do ar sobrevoavam os penhascos e as montanhas altaneiras, buscando árvores para seus ninhos ou presas indefesas para o repasto.

Rios e cascatas rasgavam pradarias e vales floridos, onde apenas o sussurro do vento era escutado.

Escassos hominídeos habitavam o vasto planeta, em tempos remotos. Aqui e ali, pequenas tribos se aglomeravam em torno de uma liderança madura, a guiar-lhes na busca incessante de alimentos, atendendo à sobrevivência.

E a areia fina da ampulheta do tempo foi caindo no relógio sensível dos milênios sem fim...

Hoje, imensas metrópoles cobrem vastidões de terreno disputados. Rodovias pavimentadas rasgam paisagens áridas, onde veículos pesados transportam sonhos e projetos, desejos e frustrações.

Gigantescas barcaças marítimas singram os oceanos, carregando no seu colossal corpo de ferro e aço veículos e máquinas pesadas.

Cabos submarinos jazem mergulhados nas profundezas dos mares, interconectando pessoas, que se comunicam em velocidade assombrosa.

E nas cidades, a azáfama e a ansiedade galopante são as tônicas do momento.

Todos, ou quase todos, buscam um lugar ao sol ou seus quinze segundos de fama. Ao lado da luta titânica pela sobrevivência, pululam projetos ambiciosos de triunfo material e acúmulo de riqueza, permitindo uma vida sem maiores preocupações.

A filosofia ficou adstrita aos intelectuais. A vida religiosa faz parte de alguns poucos. A cogitação da vida futura restou como substrato de uma sudorese mental que nem todos estão dispostos a articular.

O passado está nos museus e nas séries de TV, o futuro jaz nos filmes de ficção científica e o presente deve ser aproveitado agora, nesse momento fugidio, que não se pode perder.

Mesmo adotando milhares de cultos religiosos, dispondo de filosofias respeitáveis do pretérito, a grande maioria ainda foge de qualquer cogitação em torno da impermanência de tudo que seja material.

O imediatismo é a moeda corrente. O materialismo é contágio fácil. Possuir coisas surge como uma tirania da qual ninguém abre mão de ser vassalo por opção.

Entretanto, uma mensagem fecunda surge como luz na noite escura das almas. Sugere a renúncia, o desprendimento, a abnegação em favor de causas humanitárias.

À ingratidão, continuar servindo. Ao ataque contra a honra, prosseguir trabalhando em favor de todos, na certeza de que a melhor defesa são os atos da criatura humana.

Ante a inquietação crescente, cinco minutos de oração e silêncio.

Se o murmúrio se alastra, adoção de palavras gentis ou atitudes que induzam ao pensar equilibrado.

Semeadura de uma fé lúcida.

Aceitação dos diferentes e opostos, ofertando a cada um deles o direito de ser como melhor lhes pareça.

Cultivo da confiança, não obstante as amarguras reinantes.

E quando o mundo pareça desmoronar, respeitáveis instituições mergulhem no descrédito e biografias surjam, de uma hora para outra, manchadas de opróbrio e vilania, refletir que ninguém está isento de erros, suscetível de queda e blindado contra as tentações.

Para quem adotou o Divino Mestre como modelo e guia, a senha de acesso aos aplicativos da vida maior permanece a mesma há vinte séculos:

*~ Servir, abençoar e passar, tolerando!*

Tens, por acaso, uma senha diferente?


Marta (Espírito)

Salvador, 07.04.2025


Médium: Marcel Mariano








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domingo, 6 de abril de 2025

Jean - Paul Sartre em Vila Rica

 



Quando Jean-Paul Sartre percorreu as ladeiras de paralelepípedos de Ouro Preto em 1960, a história ganhou um momento singular, capturado pelas lentes atentas de Zélia Gattai. Este encontro entre um dos maiores intelectuais europeus do século XX e a antiga Vila Rica não foi apenas um episódio turístico, mas um diálogo silencioso entre mundos aparentemente distantes que a fotografia conseguiu eternizar.


O registro visual feito por Gattai revela mais que a simples presença física do filósofo na cidade histórica mineira. Observamos nele a justaposição fascinante entre o pensador contemporâneo, com seu olhar investigativo e postura característica, e o cenário barroco que testemunhou o apogeu e as contradições do Brasil colonial. Esta imagem ultrapassa o mero documento histórico para se tornar um símbolo do intercâmbio cultural Brasil-França que marcou o período.


A cidade de Ouro Preto, com suas igrejas ornamentadas, casarões coloniais e a herança artística de Aleijadinho, oferecia um contraste marcante com o universo intelectual parisiense de Sartre. O existencialista que analisava a condição humana, a liberdade e a responsabilidade individual caminhavam por ruas que testemunharam tanto a busca pelo ouro quanto os movimentos de resistência como a Inconfidência Mineira. Este paradoxo não escapou à sensibilidade de Zélia Gattai.


Há algo particularmente revelador no modo como a fotógrafa capturou Sartre: não como uma celebridade intelectual em visita exótica ao Brasil, mas como um pensador genuinamente interessado em compreender outras realidades. Seus passos pelas ruas íngremes parecem simbolizar o próprio movimento do pensamento existencialista — um caminhar que questiona, que busca sentido em meio às estruturas estabelecidas.


A fotografia nos permite ainda refletir sobre o papel dos intelectuais estrangeiros na formação do pensamento brasileiro. A década de 1960 foi marcada por intensas trocas culturais, quando o Brasil buscava simultaneamente afirmar sua própria identidade e dialogar com as correntes de pensamento internacionais. A presença de Sartre em solo brasileiro representava as aspirações intelectuais e políticas de uma geração.


O olhar de Zélia para este momento histórico não é neutro. Como intelectual, fotógrafa e escritora, companheira de Jorge Amado, ela tinha plena consciência da importância daquele encontro. Sua fotografia não apenas documenta, mas interpreta — cada ângulo escolhido, cada detalhe do enquadramento revela sua própria leitura daquela convergência de mundos.


Curiosamente, esta visita aconteceu em um momento de intensa produção intelectual para Sartre, pouco depois da publicação de "Crítica da Razão Dialética" (1960), obra em que buscava conciliar existencialismo e marxismo. O Brasil, com suas contradições sociais e movimentos políticos efervescentes, oferecia um campo fértil para suas reflexões sobre engajamento e transformação social.


A presença do filósofo francês em Ouro Preto, registrada por Gattai, nos convida a pensar como os espaços históricos dialogam com o pensamento contemporâneo. A cidade que abrigou artistas e revolucionários do período colonial brasileiro recebia, séculos depois, um pensador que também questionava as estruturas de seu tempo. Este cruzamento de trajetórias torna a fotografia de Zélia tão significativa.


A importância deste encontro transcende o momento capturado. A visita de Sartre ao Brasil influenciou toda uma geração de intelectuais brasileiros, contribuindo para debates sobre liberdade, responsabilidade e engajamento político que repercutem nas décadas seguintes. A imagem preservada pela Fundação Casa de Jorge Amado permanece como testemunho visual de como ideias viajam, se transformam e criam novos significados ao se encontrarem com diferentes realidades culturais e históricas.


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© (Giih De Figueiredo). 

Agradeço pelo interesse e pela divulgação dos conteúdos!


© Foto de Zélia Gattai/Fundação Casa de Jorge Amado. Jean-Paul Sartre. Ouro Preto (MG), Brasil, 1960.