Ainda não se avaliou devidamente o profundo impacto que a mensagem de Jesus causou na trajetória do ser humano no mundo. Decorridos vinte séculos, algumas vozes pessimistas admitem que a doutrina cristã foi corroída pelo tempo e tão profundamente adulterada que perdeu seu verdadeiro sentido, tendo restado tão somente fragmentos de sua essência de outrora para o conturbado homem tecnológico de nossos dias. Em outra posição, milhões de almas ainda cultivam com infinito carinho as lições do Crucificado da Galiléia, tentando viver Suas diretrizes em meio ao caos ético em que se transformou a vida agitada dos tempos modernos.
Os embates são inevitáveis.
Apesar da desidratação religiosa e da desfiguração imposta pelo dedo viciado de exegetas e teólogos, a mensagem do cristianismo prossegue como uma seiva nutritiva, sustentando incontáveis vidas no caminho das ásperas provações e dos testemunhos amargos. Conquanto nesse largo período outros movimentos religiosos tenham surgido, ensejando ao homem dilatados campos de estudo e aperfeiçoamento, seus dilemas existenciais prosseguiram desafiadores, o aturdindo na vasta avenida da evolução. Dos laboratórios brotaram invenções extraordinárias, nas bibliotecas repousam milênios de cultura e sabedoria, nas academias rebrilham teses admiráveis nesse ou naquele campo do saber humano, mas as inquietações da alma prosseguiram tão ardentes como nos primeiros tempos da peregrinação do homem sobre a face do planeta.
A noite do túmulo prossegue sem explicações convincentes.
Os conflitos armados continuam extinguindo a esperança.
A disputa de egos mantém-se insuflando o extermínio recíproco.
A edificação de doutrinas antagônicas engendra a intolerância e o fanatismo.
As guerras religiosas que ensanguentaram os séculos anteriores são tristes episódios da história universal.
E em meio à turbulenta marcha do ser, situado como folha frágil no olho do furacão, não lhe foram negados pelo Alto orientação e amparo para edificação de uma sociedade pacífica e nobre, tendo por base as lídimas orientações de Jesus.
Seu apelo permanece um perene convite ao mundo melhor.
Perdão incondicional das ofensas.
Serviço desinteressado aos semelhantes.
Caridade para com qualquer um que cruze nossa estrada.
Não julgamento da conduta alheia.
Manutenção da esperança e do otimismo sob quaisquer circunstâncias da vida.
Nutrição íntima e ardente da certeza da vida futura, a se sobrepor além das aparências orgânicas.
Renúncia ao mundo e desapego das coisas.
O cântico da Boa Nova permanece, ainda hoje, com o mesmo vigor daqueles dias evangélicos de outrora, alimentando de fé e bom ânimo milhares de almas sedentas de orientação nas trilhas da vida.
Mesmo quando o materialismo pareceu triunfar sobre as consciências, remodelando a face do planeta em quase todos os seus quadrantes, a mensagem cristã não foi atingida nem conspurcada, considerando a sua natureza transcendente.
E foi justamente para esse ser atormentado dos tempos tecnológicos que a mensagem de Jesus se apresenta robusta e oportuna, o arrancando das sombras íntimas e o luarizando numa época de tantas incertezas e inquietações angustiantes.
O medo o vergasta.
A solidão o consome.
O apego o sufoca.
O poder o embriaga.
A morte o apavora.
Da mensagem da cruz evola um fascínio arrebatador, uma aragem de esperança e coragem nunca antes vista nem sentida.
As forças se lhe são restauradas e ele se vê amparado na sua imensa fragilidade.
O cérebro, incendiado de tecnologia, percebe o coração sedento de afeto.
Mãos buscam outras mãos para tecer a rede de solidariedade.
A gentileza dilui a aspereza do trato.
A paz silencia os canhões e o silêncio articula uma prece em meio à gritaria dos desesperados.
Ante a tormenta, busca refúgio em tua própria intimidade. Nela, faz teu lugar à parte.
Cultiva teus dons esquecidos e, quando tudo pareça ter perdido o sentido, lembra-te D'Ele.
Os séculos não O apagaram e a fúria da posse não O retiraram de ti. Descrucifica-O do madeiro lavrado pela empáfia humana, registra-Lhe os passos luminosos no solo áspero do mundo e segue-O.
Quem O encontrou, jamais se perderá.
Marta (Espírito)
Juazeiro, 12.07.2021
Pelo Médium: Marcel Mariano
Marcel Mariano