Clarões que nos acompanham – Visão pessoal em cinco notas coloquiais
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Britto Jornalista |
Visão pessoal em cinco notas coloquiais
Clarões que nos acompanham – I
Saí de BH para a cidade de Senhor do Bomfim, que me acolhe há anos e lá ainda não cheguei. Estou a 400 km dela e ainda em Salvador. Mas, depois de um encontro tão pujante como este da RC, que acabamos de realizar em BH, recuso-me a abandoná-lo.
Fisicamente, estou deixando que estradas conduzam-me o corpo de volta ao domicílio. Mas mentalmente, não. Ocorre o contrário. Ainda continuo vívido em BH. Imerso naquela roda de rara liga afetuosa, mantenho a alma cativa, a recusar a mais leve despedida. Longe estou e longe estamos, mas desfrutando ao máximo das réstias de um clarão que por quatro dias iluminou uma camaradagem política extremamente produtiva, necessária e invulgar.
Foi visível, por incontáveis ângulos, que a cada pauta vencida as representações regionais exultavam crescentemente, até chegarmos à culminância das atividades. Esse clima de bom convívio, além de ter posto um selo de dedicação nos nossos camaradas, transformadores sociais que souberam dar êxito à totalidade do encontro, reverencia também a capacidade do coletivo da RC em homologar importantes decisões com reflexões convergentes e amadurecidas: todas elas tratando da afirmação de políticas que vão amalgamando a construção de uma Organização Revolucionária cujos princípios não transigem com a demagogia do reformismo – mera administração do capital.
Pudemos seguidamente testemunhar de quanto à acumulação teórica, tão indispensável que é à práxis transformadora dos que tratam de intervir acertadamente nos rumos da história do país, pontifica com desenvoltura na Refundação. Acompanhando a qualidade política de nossos militantes, é igualmente verificável que a curva de expansão quantitativa reflete-se na atualidade de agremiação.
Finalizo essa nota deixando que no abraço que destino a cada camarada estreite-se mais ainda a solidariedade que desde já plantamos para o futuro.
Antonio Britto
Avaliações que marcam – II
Mais do que a fraternidade e a solidariedade – valores preciosos aos comunistas –, os delegados da Refundação ao Ativo e reunião do Comitê Central festejaram a positividade da avaliação final do evento. Foi aí que beirou o fantástico ouvirmos figuras das mais proeminentes no âmbito da nossa política a declararem, despojada e sinceramente, cada um de per si, que aprenderam, que absorveram ensinamentos extraídos do encontro.
Ah, como foi encantador. Ouvimos de um dos presentes, que participava das atividades na categoria de convidado, levantar, iniciar uma análise de diversos pontos políticos discutidos, para ele bons e inesperados, e ao concluir manifestar-se ansioso por saber se já podia ser considerado membro da Refundação Comunista!... E o valoroso convidado voltou à palavra, agradecido da tolerância para seu tempo de falação e, mesmo sem ter obtido resposta confirmatória ao seu pedido de admissão, proferiu emocionado e por conta própria, que no retorno a sua unidade da federação já ia chegar trabalhando pela ampliação da RC. Foram muitos os momentos de comoção e felicidade. O que torna dispensável dizer que, não só na avaliação de encerramento, mas em todos os quatro dias, sinceridade, humildade e espontaneidade percorreram o conjunto das atividades. E o bom-humor das delegações, procedentes dos quatro pontos cardeais do país, completou o quadro de harmonia.
Antonio Britto
Justiça social e internacionalismo – III
No decorrer das discussões temáticas ou nos interregnos delas, o encontro reafirmou de maneiras evidentes que a justiça social visível no nosso horizonte tem equivalência com o bem-estar geral pretendido pelos que integram o mundo do trabalho de todas as nações, para todas as nações. Transpareceu cristalinamente a disposição de luta e combatividade pela inserção social do programa da Refundação pelos seus membros. A nossa marcha de construção partidária contemplou a necessidade de incorporar intelectual e politicamente “as realidades contemporâneas do mundo, da América Latina, do país e do povo brasileiro”.
Revolução com alma social – IV
Orientando-se por práticas coletivas ético-ideológicas, no marco de seus limites e circunstâncias, esse evento em BH exercitou a filosofia crítica com racionalidade e democracia. As assembleias foram permeadas da ideia de que o Brasil precisa da “revolução política com alma social”, propugnada por Marx para toda a humanidade.
Não estamos sós – V
O carinho com que uma militância inegavelmente avançada tratou das diferentes questões mostrou que em sua consciência estão hasteadas bandeiras que inscrevem de fato a Refundação como uma das vertentes legitimas do rico legado de lutas históricas que afirmaram ontem e reafirmarão sempre a perspectiva marxista do socialismo. Ou seja, somos herdeiros e continuadores da tradição revolucionária desde a Liga dos Comunistas, de 1848. No entanto, não nos consideramos a única destas vertentes. Outras forças políticas também travam o combate contra a enganosa democracia burguesa “limitada, restritiva e autocrática”.
Antonio Britto —
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