(Imagem ilustrativa)
Justamente quando a cultura terrestre alcança o ápice de sua evolução, os seres humanos são atingidos por uma série infindável de ocorrências trágicas, fazendo desabar sobre as criaturas o afiado cutelo do sofrimento.
A ciência médica precisou de quase seis mil anos de história para ofertar ao ser humano uma invejável qualidade de vida, fazendo-a dilatada no vaso orgânico em que temporariamente se manifesta, mas presentemente se vê desafiada não somente pelo covid 19, mas igualmente por inúmeras patologias e síndromes para as quais não possui solução em definitivo.
As técnicas agrícolas fizeram os campos estufar de fartura, abastecendo os silos de imensas quantidades de grãos, mas o fantasma da fome ainda é dolorosa realidade para milhões de desnutridos, que tombam diariamente por ausência do pão.
A engenharia e a arquitetura fizeram avanços admiráveis, revolucionando as técnicas de construção de pontes e residências, viadutos e estradas, mas incontáveis famílias jazem ao abandono, desprovidas de um lar que lhes possa assegurar a mínima dignidade para a convivência social.
Bilhões de pessoas fruem da comodidade da água tratada, do esgotamento sanitário e da coleta regular do lixo doméstico e industrial, bem como da energia e da internet com as quais teceram uma comunidade virtual de incomensurável proporção, mas a carência de tudo isso ainda é amarga realidade diária para alguns milhões de homens e mulheres, a padecerem privações degradantes como se não fossem membros da imensa sociedade terrestre.
Enquanto apartamentos de luxo fazem festa, a favela estorcega ao lado na miséria mais brutal. Carros de luxo deslizam nos tapetes asfálticos impecáveis, transportando seus indiferentes passageiros para diversões e festas nababescas, muitas vezes passando ao lado de carroças miseráveis, puxadas por homens cansados e mulheres amarguradas, a arrastarem crianças famintas e cães magricelas, igualmente espancados pela carência de tudo.
A paisagem social está cheia de contrastes dolorosos que somente a caridade será capaz de reverter, quando uma consciência crística finalmente puder ser assimilada pelas cordas do coração, tangendo a harpa suave e doce da solidariedade. Não pode haver sorriso legítimo se alguém chora do nosso lado. Qualquer luxo e acúmulo de bens além do necessário será sintoma mais do que eloquente de uma sociedade doente dos sentimentos, indiferente ao compartilhamento. A adoção de uma fé religiosa deve ser seguida de uma mudança de pensamentos e atitudes em relação à vida, promovendo no ser uma alteração de paradigmas, onde saia da zona de conforto para minorar as lágrimas alheias.
Cristianismo sem Jesus na vivência é cegueira d'alma, na fuga deliberada dos verdadeiros deveres de uns para com os outros.
O abandono do irmão que trafega conosco na mesma estrada sinaliza iniludível supremacia do ego, nos distanciando da essência da verdadeira caridade, que é aquela que despe a capa para vestir a nudez alheia, rasga o pão ao meio e o divide com o faminto, ampara e socorre mesmo que a opinião alheia diga o contrário.
Poderemos ostentar bibliotecas faustosas, onde a cultura materialista brilhe nas prateleiras frias, mas se a ação na convivência diária não buscar alterar as injustiças sociais, seremos apenas uma sociedade envernizada por fora, escondendo podridão interna. No fundo, faremos loas ao que disse Jesus, conforme anotações do evangelista Mateus, capítulo 23, versos 27 e 28.
Cristãos, se acolhestes em algum momento de tua jornada no mundo a mensagem do crucificado sem culpa no teu íntimo, medita em tuas possibilidades de seres a diferença que escasseia no agora. Articula tua prece pelo coração e fazes de tuas mãos extensão das de Jesus, socorrendo a dor que grita ao teu lado. Verás crianças esquálidas, homens suarentos, mães desesperadas pelo alimento escasso e farás toda a diferença nestas vidas em soçobro. Um gesto simples, um copo de água fria, um naco de pão ou uma flor farão ressuscitar em muitos vencidos a débil chama da esperança, que o mundo perverso de alguns tenta apagar. Sê tu a diferença.
Sai de tua apatia e desinteresse pelo outro e constrói laços de amorosidade com quem da Terra somente experimentou até agora o fel da carência e o cálice das amarguras.
O mundo não te entenderá. Os demais te criticarão de maneira rude. A opinião de muitos será contrária aos teus gestos. Serás alvejado pela maledicência e apunhalado na honra.
Jesus te conhece o íntimo e isto é suficiente. Não esperes do mundo aquilo que o mundo não tem para te dar.
Avança e não temas. A luz segue contigo.
Marta (Espírito)
Juazeiro, 11.02.2021
Mensagem recebida pelo Médium: Marcel Mariano
Médium Marcel Mariano
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