A crescente inquietação que toma conta da criatura humana responde por incontáveis males. Desassossegado intimamente, o ser não consegue observar as transformações que se dão em derredor senão pela ótica das desgraças físicas e econômicas que varrem seu ilusório mundo material, erguido sob a engenharia perversa do materialismo egoísta. Cada soçobro nas ambições desmedidas equivale a um soco no estômago, como se a vida estivesse resumida a uma conta corrente e seus transitórios valores. Pigmeu na visão religiosa e refém da sede abrasadora de tudo possuir, nada enxerga além de suas próprias conveniências pessoais.
Para estes, e são maioria na atual conjuntura de transformações pela qual passa o planeta, crise é bancarrota e pandemia é ira divina.
Inegável reconhecer que sempre que os flagelos destruidores visitam a morada dos homens nunca é recebida com loas ou festas. Arrasando os campos e destruindo cidades, produz incontáveis vítimas e seu rastro deixa luto e destruição de demorada e paciente reconstrução. Mas não se pode ocultar que após cada período provacional ou expiatório, a civilização soube se reinventar e das tragédias tirou preciosas lições de natureza comportamental e científica.
Aprimoram-se os laços de solidariedade entre os povos. Brotam dos laboratórios invenções que de outra forma demorariam séculos para beneficiar o coletivo. A medicina avança em conquistas extraordinárias e a frieza dos sentimentos é diluída nas comoções que arrebatam incontáveis existências, fazendo brotar heróis da fraternidade e da ajuda humanitária.
Nunca existiu nem existirá interesse da divindade em destruir a casa terrestre pelo simples fato de nela viver um ser que ignora a própria imortalidade, agarrando-se ao corpo qual hera sobre o muro frágil da matéria em putrefação. Interessa à inteligência universal que a evolução individual e coletiva se dê, avançando o ser para sua fatalidade gloriosa, que é a perfeição relativa.
O trânsito pela matéria é simples estágio educativo e como tal suscetível de vivência no meio de ocorrências que contrariam os interesses rasteiros, quais sejam os flagelos naturais ou aqueles provocados pela insânia humana.
De cada um deles o homem e a mulher saem mais depurados, avançando nas trilhas do aperfeiçoamento incessante.
A atual pandemia e as anteriores ocorrências que ceifaram milhares de corpos no passado distante ou próximo alteraram a paisagem da escola planetária, promoveram alunos a classes mais avançadas e fizeram com que muitos, matriculados apenas para ocuparem vaga sem aproveitamento das lições ministradas fossem desligados da matrícula aviltada, sendo conduzidos após a morte a outros educandários e reformatórios da vida infinita, onde cursarão lições que lançaram na indiferença e na irresponsabilidade.
Assim age Deus, o Educador Supremo do Universo.
Aproveita cada mundo como escola. Afere periodicamente o rendimento de cada filho matriculado. Aplica provas. Coleta resultados e credencia avatares e missionários que vez por outra visitam o orbe na condição de mestres e inspetores escolares.
Tem dois mil anos que recebemos a visita pessoal de um deles.
Vestiu-se do uniforme precário de carne numa estrebaria. Reuniu doze aprendizes para O auxiliar na ministração do conhecimento libertador.
Usou de parábolas como o método pedagógico mais avançado de Seu tempo.
Fez das praias e das encostas de montanhas Sua sala de aula.
Valeu-se do grão de mostarda e de sementes modestas como ponto de apoio de Suas aulas ao ar livre.
No mesmo educandário juntou homens e mulheres, atendendo cada um nas suas deficiências, aprimorando os avanços com a lição incomparável do amor.
Fez dos lírios do campo excelente seminário sobre a simplicidade e das aves dos céus tomou o exemplo da liberdade e da pureza, concitando os aprendizes a imitá-los.
Fechou Sua excelsa cátedra numa cruz de renúncias e dores, lecionando pelo exemplo como perdoar os algozes.
Dividiu a aula da vida antes e depois D'Ele.
Estais na Terra no momento das grandes transformações. A pandemia te amedronta.
A histeria de muitos parece te contagiar em certos instantes.
O medo te furta o sono.
Filho, que fazes de tua imortalidade?
O que vieste fazer na escola redentora?
Tua fé ainda é caolha ou já possui alguma lucidez?
Berço é matrícula no liceu da matéria densa. Túmulo é despedida dos bancos escolares, te credenciando à universidade da vida, mas quando a lição não é compreendida ou assimilada, outro recurso não resta à Divindade senão nova matrícula em tempo incerto no futuro, já que não pode haver prêmio ou elogio ao aluno que desprezou a lição ministrada.
Outra alternativa não há a não ser vestir novo uniforme e recomeçar, sob condições mais difíceis, as tarefas escolares pisoteadas pela empáfia e arrogância.
Na casa de meu Pai tem muitas moradas, disse-nos Jesus. Dizemos nós:
- Na escola da vida tem muitas classes. Em qual delas tu te encontras?
Marta (Espírito)
Juazeiro, 18.02.2021
Psicografía do Médium
Marcel Mariano
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