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Um anseio de renovação e progresso parece contagiar muitas criaturas logo no início de cada ano. Promessas descumpridas, projetos engavetados e sonhos incompletos saem da gaveta do olvido e parecem ganhar novo fôlego, pelo menos no discurso de seus idealizadores.
Conspira contra o atual cenário mundial, tomado de perspectivas sombrias, entre os quais o espectro da guerra, de uma nova pandemia, a crise financeira mundial, onde nunca secam as fontes de recursos para a guerra e novas armas de destruição em massa, mas quase nunca a torneira da economia está aberta para novas escolas, academias de cultura e patrocínio das artes.
Mesmo assim, o idealista sonha em colocar seus projetos na pista da provável realização, qual aeronave que parece correr, veloz, a pista vasta da febricidade sonhadora, sem decolar ao fim de doze meses.
Entre as potências da alma, o fecundo escritor francês Leon Denis situou a vontade como ferramenta de impulso da alma, arrojando-se nos ideais abraçados até conseguir sua efetivação no tempo e no espaço. A inércia se lhe afigura uma vérmina destruidora dos projetos arquitetados, drenando a energia vital que deve emular os indivíduos na busca de seus objetivos existenciais. Ocorre que o atual panorama do planeta, nitidamente marcado por uma cultura materialista, onde as paisagens de sofrimento e conflito parecem asfixiar os nobres esforços, cavam fundos poços de desesperança, desestimulam a criatividade e desidratam a perseverança de incontáveis, que começam o rascunho, mas não passam a limpo os esboços de uma vida renovada.
São barcos primorosamente bem construídos, indefinidamente reféns no estaleiro do menor esforço. Nunca experimentaram a navegação em oceano revolto, testando a equipagem náutica e a resistência dos mastros.
A vida terrestre está cercada de desafios, desde o nascimento até o óbito. As quadras corporais trazem alterações de vulto, os entrechoques interpessoais são obstáculos diários e a mantença corporal se faz um sacrifício a cada hora, cobrando pesado tributo dos desatentos.
Perde-se a saúde num instante fugidio. Fortunas arduamente conquistadas evaporam da noite para o dia. Oásis de felicidade conjugal sofrem reviravoltas inesperadas, deixando mossas emocionais de difícil cicatrização.
E é natural imaginar que muitos desejos idealizados a cada dia não conseguem se erguer como um edifício seguro, ocorrendo que muitas vezes o indivíduo espera do outro algo que o outro não tem para dar.
A frustração campeia como erva daninha em solo fértil. Uma amargura parece nublar o olhar de quem hoje fita o futuro distante.
Entretanto, cada ano que se inicia traz como marca principal o renascimento da esperança, a renovação de propósitos, a alteração de estratégias para o alcance do êxito.
O Divino Amigo sabia de antemão que Seu messianato entre os homens seria difícil. Grupo reduzido, pobreza de cultura nos doze, fragilidade ante as tentações do mundo, e ainda assim conseguiu fender a história, insculpir uma nova era e conquistar bilhões de adeptos.
Suas ferramentas: certeza absoluta da imortalidade da alma, confiança no porvir e fé lúcida na Providência Divina.
Nunca se permitiu apartar-se da presença de Deus.
Quais teus sonhos para esse ano? Com que e com quem contas para levar adiante teus projetos na área pessoal?
Estás encarcerado no ontem, ansioso pelo amanhã ou o hoje se te fez estressado?
Começar o dia pensando nisso já é um bom rascunho para o que virá. O resto, a Excelsa Misericórdia e a Justiça de Deus colocarão em tua estrada, se não desistires em tempo algum.
Marta (Espírito)
Salvador, 05.01.2025
Médium: Marcel Mariano