domingo, 6 de julho de 2025

Paz em vez de Guerra

 

Imagem ilustrativa


Em colocação audaciosa, afirmou a nobre escritora Amélia Augusta Sacramento Rodrigues que em 3.500 anos de história, a humanidade somente desfrutou de paz por cerca de três séculos, o que nos situa entre as mais belicosas criaturas pensantes.

Desde o domínio da era dos metais até a descoberta da pólvora, numa mistura do nitrato de potássio, do carvão e do enxofre, as nações beligerantes desenvolveram armas de grande poder destrutivo, esmagando adversários e se impondo no mapa político dos continentes.

Do século XIX para cá, novos artefatos destrutivos colocaram a guerra em patamar jamais visto, definindo quem dá as cartas no cenário dos interesses econômicos e militares.

Quase desnecessário situar o alto poder de fogo dos tempos modernos, onde drones e mísseis teleguiados por satélites acertam com precisão cirúrgica comboios e edifícios, poupando soldados do combate corpo a corpo.

Entretanto, persiste uma guerra não enfrentada, um conflito situado no país interior, a devastar indivíduos, os incapacitando para voos mais expressivos no campo do controle das emoções.

Conflitos de ego, vitimando famílias e destruindo laços de amizade.

Guerras políticas, onde barricadas de interesses argentários se erguem como paliçadas de animosidade entre partidos que se opõem na ribalta de parlamentos.

Conflitos religiosos, frutos espúrios da castração teológica longamente cultivada, ensejando fértil terreno para a intolerância religiosa e para o fanatismo.

Traumas de infância e da adolescência, herança tormentosa de famílias conflitadas ou nascidas das próprias entranhas, já que o ser preexiste ao berço e sobrevive à disjunção cadavérica, prosseguindo sempre como senhor das próprias construções morais.

E um enorme rol de desastres emocionais se fazem plataforma para pavimentação de incontáveis transtornos do humor e da afetividade, calcinando vidas e rompendo os laços frágeis da amizade.

Queixam-se os indivíduos da solidão, não obstante oito bilhões de semelhantes e incontáveis meios de comunicação. Alegam duras frustrações no terreno movediço das relações amorosas, numa sociedade que elevou o sexo ao patamar de um novo deus.

Comentam o desencanto com a escassez de recursos financeiros, com os quais poderiam muito fazer em favor do outro, mas quando bafejados com as moedas abundantes, cedo esquecem as origens humildes e se fazem vassalos de orgias e dissipações diversas, culminando muitos no suicídio vergonhoso ou na drogadição destruidora.

Enxameiam terapias em favor da saúde mental e o número de atormentados não cessa de crescer. Drogarias e farmácias exibem um acervo poderoso de anestésicos, antidepressivos e ansiolíticos, e nunca se viu uma sociedade tão enferma quanto a atual.

Ao lado dos incontáveis males, a ciência se desdobra em buscar alternativas que arranquem o ser das garras desse cérbero devorador.

Dois mil anos depois, Sua psicoterapia para o ser atormentado de todos os tempos permanece atualíssima, conquanto ainda não vivida.

Adoção da prática da caridade incondicional.

Respeito às diferenças e convivência pacífica e fraterna com o semelhante que discorda de nós.

Atuação equilibrada nos dramas da vida e eleição de um sentido existencial que promova a harmonia e a saúde mental.

Vivência do sagrado, sem rótulos dogmáticos e sem artifícios de fuga psicológica das próprias responsabilidades.

Desidratação do medo, à medida que abandona a crença e se integra no saber, onde a fé raciocinada substitui a cegueira livremente adotada.

Aceitação natural de que está situado na escola terrestre para aprender, evoluir e ser feliz, libertando-se do pecado mitológico e infantilidade religiosa.

Em vez do combate ao outro, investe na correção das próprias imperfeições.

Permanece Jesus Cristo como o maior modelo e guia da humanidade de todos os tempos, recomendando paz no lugar da guerra, solidariedade construindo pontes e silêncio amoroso ante a algazarra dos alienados e desesperados.

Quando te surjam os estados alterados de consciência e a inquietação busque se agasalhar em teu condomínio íntimo, silencia teus clamores e busca um lugar à parte, onde possas orar e te refazer mentalmente.

Jesus te socorrerá sem que tu mesmo possas perceber.


Marta (Espírito)

Salvador, 06.07.2025


Médium: Marcel Mariano




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