Novos e diferentes símbolos vão surgindo e se incorporando à paisagem cultural das sociedades, independentemente de onde estas se encontrem. (A localização geográfica, aliás, é o que menos tem importado. Afinal, vivemos o tempo do não-lugar.)
Tais símbolos parecem estranhas e monstruosas esfinges, à espera de quem as decifre e decodifique.
Refiro-me às redes sociais, com suas mil e uma sub-redes, entrelaçamentos, algoritmos, o diabo a quatro... Essa coisa silenciosa e ao mesmo tempo estridente, que navega nas veias das gentes, dos mundos e submundos – espécie de besta-fera apocalíptica, à espreita dos assinalados das horas anunciadas.
As redes sociais dizem do quanto uma esfinge é capaz de devorar, caso não seja adequadamente decifrada (diga-se: compreendida, apreendida, manipulada, devidamente operada, nem sei qual o verbo mais apropriado).
Uma questão se impõe: como enfrentar o monstro que nós mesmos criamos? Há um segmento que diz: temos de impor limites, não é possível que esse troço se regule por si mesmo. Há outro segmento que insiste:
deixa rolar, nada de censura, o jogo é duro mesmo, quem não aguentar que caia fora. E por aí vai.
As redes sociais vieram para ficar, e não há qualquer dúvida quanto à sua importância, seja como instrumento de interação social, seja como mecanismo de consolidação do estatuto da cidadania.
As redes sociais são uma conquista da civilização. E, como tal, devem estar inteiramente a disposição das pessoas, bastando apenas que sejam operadas com critério e responsabilidade.
Daí não ser admissível que elas operem ou que sejam operadas à revelia do ordenamento jurídico, como se fossem terra de ninguém, servindo, não raro, a práticas criminosas como temos presenciado à exaustão.
José Gonçalves do Nascimento
Escritor
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