Quase dez milhões de anos assinalam, no relógio do tempo, a presença humana na face do planeta. Desde as mais primitivas formas macacoides até o homo sapiens sapiens, evoluindo para o _homo noeticus,_ temos impresso nossa digital na face do chão que nos acolhe.
Erguemos suntuosas civilizações e as vimos mergulhar na ruína, carcomidas pelas guerras e apodrecidas na rapinagem e na dissolução dos costumes.
Dominamos largas faixas de território, submetendo ao talante das legiões e infantarias armadas povos e culturas diversas, esmagadas pela prepotência e pelo arbítrio criminoso, e os oprimidos, em algum momento histórico, viraram o jogo e inverteram as peças do tabuleiro.
Construímos complicadas religiões que conseguiram desviar a atenção popular da transcendência, as encurralando no domínio clerical vicioso e na presunção de sacerdotes que manipulavam a bel prazer a fé das massas, atendendo interesses escusos e rasteiros.
E numa viagem histórica e evolutiva fascinante até aqui, nos encontramos cercados de incógnitas e interrogações que exigem desse tecnológico ser respostas imediatas, sob pena de inviabilizar sua sobrevivência na única morada planetária disponível até agora.
O clima apresenta reversões dramáticas, informando por convulsões que o limite de tolerância já foi atingido.
A poluição, em muitas expressões (sonora, ambiental, visual, mental, etc.) atingiu níveis insuportáveis, exigindo mudanças de comportamento, sob pena de empurrar homens e mulheres para o caos existencial.
A grande conferência do clima, nesse momento ocorrendo na capital escocesa, sob patrocínio da ONU, é mais uma tentativa nobre de reunir a maioria dos governos transitórios do mundo para uma chamada de advertência. Ou efetivas medidas são adotadas para conter a emissão de gases ou as consequências ambientais provocarão, nas próximas décadas, o extermínio de imensas florestas, o fim de inúmeras espécies de animais e elevação da temperatura média da Terra, com impacto direto em geleiras e nos oceanos que, alimentado por mais água derretida dos polos, engolirá vastas áreas de terra firme, provocando um êxodo jamais visto.
A par dessa crise ambiental, há que se observar uma grave ruptura nos valores da própria criatura humana, que se vê tragado para um furacão de mudanças que não consegue dar conta.
Intolerância em ponto de ebulição.
Fanatismo de muitos matizes, gerando uma sociedade armada uns contra os outros.
Egoísmo feroz. Canibalismo social. Ansiedade galopante, depressão em cifras pandêmicas e flagelos destruidores que se renovam sem qualquer previsibilidade humana, arruinando cidades e vastas regiões densamente povoadas.
Certamente que num período de transição como o que estamos atravessando, certos fatores independem da ação humana. Estão sendo desencadeadas por forças espirituais que presidem os destinos da Terra, a preparando para o porvir de regeneração e calmaria. Entretanto, matriculado no educandário terrestre, o homem não pode permanecer na posição de quem assiste as mudanças, nem é aceitável adotar a postura de um protagonismo irresponsável. Não é ele um acidente de percurso nem um produto do meio.
O Espírito imortal é uma centelha Divina em evolução, sofre intensa influência do meio e nele pode interferir, melhorando ou piorando os mecanismos que ajustam as condições de sobrevivência na face do chão em que nasce e morre.
Não existe, pelo menos por enquanto, um plano B, em que possamos fugir da Terra no caso da vida aqui tornar-se inviável, nos refugiando em um orbe próximo. Se nossa casa planetária está caótica, impura e acolhe moradores irascíveis, o problema é nosso, e de nós partirá a solução.
Somente quando a educação ombrear com a instrução, os valores éticos forem resgatados da retórica para o campo da convivência, quando a religiosidade for colocada acima da religião, o outro não seja diminuído por ser diferente e as minorias respeitadas e acolhidas como parte da grande família universal, qualquer conferência ou encontro mundial será mero palco de discursos comovedores, sem ressonância no campo prático da vida.
Em tempo algum a mensagem de Jesus foi tão necessária e urgente como nos dias que atravessamos.
Foi Ele o maior ambientalista da história. Gestor incomparável de egos distintos. Embaixador de valores que fugiam ao lugar comum.
Soube, como pessoa alguma, situar nossos interesses na vida eterna, nos propondo a cartilha do amor como base para uma vida feliz.
E fez o ser se sentir parte da Criação Divina, colaborando com Deus na sustentação da vida, que estua em toda parte.
Desde já, não te evadas do mundo sem plantar tua semente. Adota a gentileza no trato diário com os demais passageiros da nave terrestre. Nunca te afastes do otimismo e da confiança.
E fazendo tua parte na preservação da vida, mesmo que seja semeando um grão de mostarda, fica certo que Deus fará a parte mais difícil.
Marta (Espírito)
Salvador, 03.11.2021
* Mensagem recebida pelo Médium Marcel Mariano
Marcel Mariano
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