sábado, 30 de outubro de 2021

Podcast Calumbi lança camisa para exaltar as bandas de pífanos

 

 




Com o intuito de valorizar a dimensão simbólica da cultura, o Podcast Calumbi lança nesta terça-feira (26) um novo produto: uma camisa em homenagem às bandas de pífanos, também chamadas na região de Senhor do Bonfim como “bandas calumbis”. A camisa estampa a frase “Toca Calumbi pra mim”, criada pelo artista bonfinense Jotacê Freitas. A frase é um pedido pela preservação dessa tradição cultural do nosso território.


A camisa foi produzida em parceria com a Loja Uber, marca bonfinense comprometida com a valorização das culturas locais. Os ganhos financeiros decorrentes do produto serão utilizados na produção do Podcast Calumbi, que hoje é realizado de maneira independente, sem financiamento de organizações públicas ou privadas. “Ao adquirir a camisa, o público poderá contribuir com a continuidade do nosso programa, que tem feito um trabalho voltado para a divulgação da história e cultura da nossa região. Além disso, terá em casa uma peça exclusiva que exalta uma das nossas manifestações artísticas mais tradicionais”, reconhece a coordenadora do podcast, Adriana Santana.


A frase da camisa faz parte do cordel “Salvaguardar o Calumbi é nossa obrigação!", produzido por Jotacê Freitas a pedido do Podcast Calumbi. O artista se diz honrado com a homenagem. “Fico feliz! Quanto mais a gente divulgar nossa arte, nossa rádio, nosso calumbi, melhor!”, celebra o cordelista.


O Podcast Calumbi segue com seu conteúdo gratuito disponível para o público em todas as plataformas digitais (Spotify, Youtube, Deezer, Amazon Music, Google Podcasts etc.). É possível também acessar o material em formato de texto em nosso site oficial: https://podcastcalumbi.com/. Atualmente, o programa está em sua quarta temporada, intitulada “Sertanejas Pesquisadoras”, voltada para a divulgação das pesquisas produzidas por mulheres cientistas.


Abaixo, disponibilizamos o cordel completo do artista Jotacê Freitas:


SALVAGUARDAR O CALUMBI É NOSSA OBRIGAÇÃO!


Ouço de longe um som

Estridente e agudo

Que me traz recordações

Alegres, porém, contudo,

Apesar das alegrias

Que animavam aqueles dias,

Esse som se tornou mudo.


Se veio de Portugal

O Nordeste o consagrou

Em Feiras-chiques locais,

Festas de Nosso Senhor,

E na Villa da Rainha,

Nas corridas de argolinhas

Esse som se espalhou.


Nos distritos de Umburanas,

Canoa e Cachoeirinha,

No Quicé, Cariacá,

Catuni e Caatinguinha,

Na Baraúna e Missão,

Criando a tradição

De vovô e de voinha.


Homens da roça, da terra,

Que por fé, por devoção,

Acompanhavam Reisados

E festas de São João

Tocando as suas flautas

Como meninos peraltas

Dançando xote e baião.


Chamavam banda de “Pife”,

Pífanos dizem os certos,

Mas em Senhor do Bonfim

Virou Calumbi, decerto,

Por ser mato resistente

Que na seca é persistente

E está sempre por perto.


Instrumentos improvisados

Na taboca transversal,

Com cano de PVC

Ou com cano de metal,

Furado com ferro e fogo,

Pífano não passa gogo

Na saliva musical.


Tambor de pau ou de couro

De bode bom berrador

Ou de cabra parideira

Ressoando sua dor,

Com o repique da caixa

Marca o compasso e encaixa

Ritmo arrebatador.


Duas flautas bem soantes,

Um zabumba e um tarol.

Tocados com energia

Do pôr ao nascer do sol,

Tirando sons de ouvido

Com arranjos divertidos

Sem dó, só lá, si bemol.


Quem assobia acompanha,

Bate na palma da mão,

Chama seu par pra dançar

Ali na pista do chão,

Desfilando pelas ruas

Cantando sob a lua

Uma antiga canção.


Onde está o “Cururu”

E o “Capim da Lagoa”?

O veado que o comeu

Não vive mais numa boa.

“Olha pro céu meu amor”,

Lampião já se acordou,

Traz o seu café com broa.


Hoje em tempos virtuais

Não se ouve Calumbi,

Nem o “Forró pé-de-serra”,

É só “sofrência” sem fim.

Se o jovem souber o valor

Vai pedir ao locutor:

“Toca Calumbi pra mim!”

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