sábado, 12 de abril de 2025

Dois mil anos de cristianismo

 

Imagem ilustrativa


Dois mil anos de cristianismo sobre a face da Terra já podem nos fornecer iniludíveis marcas de sua interferência no comportamento da criatura humana.

Nos tempos gloriosos da presença do Divino Embaixador de Deus junto aos homens, o impacto da nova informação foi muito grande, a milhares sensibilizando para uma nova era e a outros, incomodando na postura egoísta e narcisista que ocupavam, entre as glórias da fortuna material e o mando transitório no jogo das convenções da política rasteira.

Todo o pensamento então reinante sofreu imenso abalo em suas estruturas. O paganismo, que já não conseguia sensibilizar os corações sedentos de uma fé robusta, entrou em crise e agonizou nas suas concepções de natureza mitológica. A filosofia, então contaminada pela superficialidade de pensadores romanos, a enxergarem tão somente as honrarias terrestres e seus títeres passageiros, sofreu lastimável desvio de suas bases socráticas, onde o espírito era o centro das cogitações.

A ciência jazia sufocada de superstições e crendices ancestrais, impossibilitada de atender aos voos do pensamento arrojado de pesquisadores, escritores e experimentadores, ansiosos de dilatar a compreensão da vida na Terra.

A fé estava refém do medo. A crença cega prevalecia sobre a compreensão do significado do existir. O corpo físico era o centro das atenções e a essência espiritual uma simples hipótese.

Em vinte séculos de pensamento cristão, holocaustos e sacrifícios, genocídios e renúncias admiráveis modelaram uma nova ordem mundial, expandindo uma maneira diferente de pensar e refletir.

Eras incontáveis vencidas. Séculos de abusos e servidão se fizeram ultrapassados pela saga de heróis e místicos. A cultura se libertou da ignorância. A escola fechou quartéis, academias admiráveis produziram conhecimento e a literatura amorfoseou o pensamento.

Quando as luzes do século XX inundaram a face do planeta, a física devassou o átomo, a química descortinou os elementos no infinitamente pequeno e a medicina ultrapassou fronteiras dantes proibidas.

Em pleno apogeu da cultura e da tecnologia de ponta, os novos desafios se impõem ao ser pensante, que viaja pelas estrelas e perscruta outros astros, incapaz de mergulhar em si mesmo.

Proclama a salvação alheia, na incerteza do próprio destino depois da tumba. Agoniza entre a convicção e o fanatismo, exigindo provas de Deus na revogação de Suas soberanas leis, como se o inferior pudesse dar ordens à suprema inteligência.

Na mocidade, danifica o carro orgânico no baile da luxúria e no festim das loucuras juvenis. No crepúsculo da existência, se desespera ao contemplar o templo do Espírito em ruínas, delirando na possibilidade de restaurar a carne em desagregação.

E de momento para momento, grita e estertora na sua fragilidade emocional e infância psíquica.

A mensagem cristã, quando conhecida, deslumbra e fascina. Quando experimentada, altera rotas e modifica o pensar.

O foco passa a ser a vida futura, aquela se avizinha dia a dia enquanto se alongam os meses terrestres. O outro, é nosso irmão em diferente experiência evolutiva, não enxergando a existência pelo nosso prisma.

Não terá como prever a atitude alheia, mas obterá cada vez mais controle sobre as próprias paixões.

Sabe, em vez de crer, que tudo que plantar, terá que colher, cabendo a outros semeadores igual destino, sob diferentes condições.

Investe no bem incessantemente, sabedor que o mal é simples ausência desse bem não praticado.

Cuida do planeta como se nele fosse ficar eternamente, ciente de que é simples passageiro num veículo em trânsito para a estação regenerativa.

Abandona a postura ilusória de ser juiz das causas alheias, se concentrando nas atitudes que lhe são particulares, não desconhecendo que as palavras o vento leva, mas as ações falam por si.

Desentroniza os ídolos de barro frágil, elegendo Jesus como modelo e guia para a construção de uma existência feliz e fecunda, nas trilhas do próprio destino.

Sabe-se imortal, nem por isso desafia a guilhotina ou entrega-se aos descuidos e desmandos típicos de um tempo de luxúria e sofreguidão.

Ama, sem esperar ser correspondido.

Esforça-se para ser hoje melhor do que ontem e batalha em suas províncias íntimas para ser amanhã melhor do que hoje.

Sabe e compreende que seu maior inimigo, seu maior adversário e algoz implacável está sempre diante do espelho.

Nada pede e nada exige.

Serve e passa.

Pouco a pouco é reconhecido como discípulo do Mestre, por muito amar.


Marta e Henrique de Luna (Espíritos)

Salvador, 12.04.2025


Médium: Marcel Mariano


Marcel (camisa xadrez)
Luiz Bamberg ( Branca)




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