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Raros homens cogitam de elevar o pensamento acima da craveira comum, meditando sobre os monumentos que um dia fizeram parte da história humana. Se lhes fosse dado condições de entrever, num relance, a epopéia humana sobre o globo e a interferência sobre o meio ambiente e as civilizações, ficaria surpreso ao constatar que tudo, ou quase tudo que possuiu, foi empregado unicamente em exaltar a transitória passagem pelo corpo precário.
Faustosos túmulos, pirâmides colossais, templos suntuosos, quase tudo reduzido a escombros ou ruínas nos tempos modernos.
A biblioteca de Alexandria, que um dia acumulou em suas estantes um fabuloso acervo do conhecimento disponível, sofreu devastador incêndio provocado por um cabo de guerra do califa Omar, contrário a tudo que não representasse o pensamento então nascente do islã. Cerca de 700 mil papiros foram devorados pelo fogo.
A grandeza de outrora hoje está reduzida a escombros, isso é um fato.
E quando as luzes das modernas ciências favorecem o ser no rumo de conquistas inigualáveis, seja no exame das profundezas marinhas ou no devassar das incomensuráveis distâncias espaciais, buscando sinais de vida inteligente em outros orbes, o cérebro, esfogueado pelo conquistar, insiste na dilatação do conhecimento e do raciocínio, deslembrado de investir no sentimento.
Neurônios em destaque, emoções em bancarrota. Agilidade nos raciocínios, lerdeza na sensibilidade.
Aturde-se diante de um rato que lhe invade a cozinha, permanecendo indiferente à fome ou o abandono social a que muitos semelhantes são lançados pelas injustiças do cotidiano.
Reza, seguindo fórmulas pré-estabelecidas pelo clero a que se vincula, olvidando aquecer a alma na prece ardente, umedecendo os olhos nas lágrimas salgadas da emoção.
Lapida e esculpe, de maneira metódica ao longo de décadas, corpos sarados, para exibição no campeonato da moda ou na vitrine dos esportes radicais, relegando o ser imortal que é ao abandono e à indiferença, até que se vê visitado pelo espectro da morte. Ante a fronteira que delimita o tênue véu que separa o corpo perecível da realidade desconhecida, porta-se qual criança atemorizada, arrebatada do aconchego do lar para seu primeiro dia de aula na escola do bairro.
Novas cátedras, diferentes professores, lições esquecidas, que serão trazidas ao caderno do infinito aprendizado.
Sugado pelo redemoinho da morte corporal, treme e chora no contato com a revelação que olvidou estudar. Já não pode contar com a retaguarda, e nas mãos o vazio de uma existência finda, onde apenas sobreviveu, sem exercitar o viver em plenitude.
Conforme velhas crenças, buscará na rogativa desesperada o socorro para a própria fragilidade. Deus, Alá, Jeová, Brahma ou Yavé serão invocados para socorrer o tardio despertamento no país dos desalojados do escafandro carnal.
Dessa realidade, ninguém é blindado ou estará sob regime de exceção. A lei, ínsita no íntimo de cada um, ofertará frutos compatíveis com a semeadura. Equilíbrio entre o saber e o sentir redundará em harmonia interior. Maior investimento somente numa asa fará com que o pássaro fique retido em círculos estreitos de entendimento e progresso, aguardando que a palingenesia confira novo uniforme na escola milenar
Ó, tú que bebeste nas fontes da água viva, onde o Mestre socorreu milhões de sedentos! Que comeste o pão partido na última ceia ou multiplicado no monte das bem-aventuranças! Tu, a quem o esclarecimento chegou pelos livros da nova revelação, penetrando o entendimento e luarizando os vastos continentes íntimos do ser imortal que és, aproveitai a vossa ligeira passagem pelo mundo em franca decadência de valores e renovai, desde já, vosso entendimento acerca da vida e dos mistérios da morte.
Compreendei que sois um argonauta de ontem, ainda sobrenadando o oceano largo da ignorância, em busca de construirdes tua biblioteca de entendimento sobre a marcha incessante.
Que te importa possuir o mundo, se não tens rédeas da tua própria alma?
És um fascículo de luz, transitando pela escuridão do mundo, em aprendizado incessante.
Levanta teu olhar para contemplar o clarão das estrelas e firma contigo o compromisso na dilatação do amor universal, tua maior herança do meigo Rabi da Galiléia.
Entre tantos faustos ilusórios, modelos transitórios e lideranças equivocadas, elege Jesus teu guia e modelo, galgando com Ele teu gólgota da sublime imortalidade.
Marta e Leon Denis (Espíritos)
Salvador, 18.04.2025
Médium: Marcel Mariano


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