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Por mais que revisite as páginas da história, incongruente fica a lógica de uma sociedade terrena que parece regredir moralmente, em vez de avançar.
Milhares de séculos de cultura e filosofia, religião e arte dão a impressão de não estarem funcionando como antídotos ao despautério vigente, onde a arrogância e a brutalidade parecem ser as ferramentas das grandes conquistas da criatura humana.
O modelo educacional fortemente centrado em preparar indivíduos para as glórias do raciocínio, olvidando por completo o ser espiritual ergastulado na matéria putrescível, em marcha para a decomposição cadavérica inevitável.
O foco sempre no acúmulo de bens e na manipulação de haveres transitórios, deslembrado de suas origens nas terras ocultas da essência espiritual.
Se digladiam em guerras de extermínio recíproco por vastas extensões de terra ou escravização de povos tido como adversários, ignorando que em qualquer conflito bélico se rebaixam moralmente, dizimando a primavera em flores.
Vencem ao outro, incapazes de vencerem a si mesmos.
Ouvem sinfonias e árias e emprestam os mesmos ouvidos aos tambores de guerras e ao rufar de canhões.
Participam de cerimônias religiosas, onde a pompa e o convencionalismo social forjam etiquetas de hipocrisia e cinismo, olvidando a limpeza do caráter e o cultivo da sinceridade.
E nesses paradoxos de uma civilização sob regência da anarquia de valores, menores do espírito sobrenadam no mar revolto das inquietações e da escassez.
Choram pelo pão que não chega à mesa, onde os filhos ardem na febre da fome medonha.
Pagam impostos extorsivos, vivendo numa sociedade de desigualdades chocantes.
Doentes, não são assistidos, morrendo à míngua de auxílio básico.
Batalham uma existência inteira por um pedaço de chão a que poderiam chamar de seu, e diante de uma turbação indevida ou simples ordem judicial, se veem despojados da casinha sonhada, volvendo à moradia sob o lume das estrelas.
A moda da alta costura ditando regras espartanas de como vestir-se, e logo abaixo das passarelas custosas os corpos desnudos, os envolvidos em mulambos e andrajosos de todo jaez.
Tempos de contradições chocantes e contrastes medonhos, tudo em marcha ciclópica para a grande mudança que se opera nas engrenagens sociais.
Em toda parte há um sopro de renovação, um grito segregado de libertação, uma marcha dos solitários. Já se percebe que a carcomida estrutura erguida sobre vítimas e despojados, manipulados e encarcerados do pensamento vai ruindo, cedendo lugar à pluralidade das ideias, à convivência pacífica com diferentes, ao respeito às idiossincrasias.
Temos uma sociedade exausta por investir no ódio e obter mais ódio. Erguer clavas de extermínio e, na reação do ofendido, obter resultados de igual ou pior teor.
Há uma fome generalizada por paz, uma ansiedade incontida por segurança e o medo já encarcerou gente demais nos calabouços do desespero.
Nunca se teve tanto consumo de ansiolíticos e antidepressivos como nos tempos modernos, sintomas iniludíveis de uma civilização doente e decadente no campo dos sentimentos e das emoções superiores.
Pouco a pouco a madrugada moral vai cedendo lugar a um amanhecer de bênçãos, onde a mensagem de Jesus, destituída de adereços teológicos impostos pelo farisaísmo dogmático e pelo sacerdócio remunerado começa a surtir efeito nas almas em demoradas agonias.
Um sopro de esperança parece rebater a névoa teimosa. Uma chuva de otimismo reverdece a terra seca dos corações em desalento. Descrucificado, o Senhor abandona os altares da presunção e se faz presente nas ruas e praças, socorrendo por mãos anônimas os filhos do calvário.
Se socorre sem interrogatório. Se ajuda sem inquirir qual idioma fala. Onde o verbo não chega, o coração articula o velho idioma da solidariedade.
És um convidado D'Ele.
Numa seara vasta e sempre escassa de servidores, há muito trabalho e quase nenhum recreio.
És um semeador e não faltam terras férteis.
Ele tem nos esperado por dois mil anos...
Até quando?
Marta (Espírito)
Juazeiro, 21.06.2025
Médium: Marcel Mariano


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