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De tempos em tempos, a sociedade levanta a ancestral questão da desigualdade monetária que pesa sobre a Terra. As maiores riquezas materiais estão concentradas nas mãos de alguns poucos, enquanto a carência e a miséria recaem sobre bilhões de simples e destituídos.
Sob análise da economia, quase todas as civilizações do pretérito possuíam camadas sociais ditas privilegiadas. Sacerdotes e reis, príncipes e comerciantes detinham o monopólio do comércio e da indústria nascente, cunhando a moeda corrente e a utilizando como melhor lhes convinha. Ao povo, constituído de "menores de espírito", com poder aquisitivo diminuto ou quase inexistente, competiam as tarefas agrícolas, os teares, o manejo da caprinocultura e a extração de minerais raros.
Gigantescas metrópoles possuíam seus bairros aristocráticos, onde as castas endinheiradas se ocultavam dos miseráveis, e o poviléu se homiziava nos guetos e nas palafitas, nos pântanos e nas encostas de morros, ali sobrevivendo de serviços braçais.
O saque e a rapinagem, o butim e o suborno ditavam regras nas civilizações do passado, onde a guerra representava momento oportuno de avanço sobre as riquezas dos vencidos. Na história de Israel, a questão dos impostos cobrados por Roma era de crucial valor para a cultura sob massacre, e nem Jesus escapou de se pronunciar sobre os tributos devidos a César.
Ocorre que mesmo amealhando expressivos cifrões durante a curta existência física, nenhum ser poderá deles dispor quando da chegada do anjo da morte. A tudo despoja, começando pelo próprio corpo, vitimado pela anóxia e pela falência dos órgãos vitais.
Tudo de que era detentor, se tranfere para terceiros.
Filhos e descendentes se engalfinham nos tribunais, disputando testamentos e espólios através de rábulas bem equipados.
Jóias e extratos bancários são trazidas a juízo para partilha minuciosa, e quando divididos, apenas refletem como o ser ainda se encontra apegado a coisas de que nunca será dono ou proprietário.
Mesmo no terreno filosófico, onde as cogitações perpassam o intangível e analisam a essência do palpável, muitos se deixam trair pela ânsia da posse, se fazendo possuídos. No delicado tecido das religiões, das eras remotíssimas aos tempos modernos, a teologia da prosperidade vem produzindo empresários da fé, procuradores do erário divino, transitando da sede abrasadora de poder ao domínio de sólidas fortunas, a se esfumarem no silêncio dos cofres abarrotados.
Somente o Espírito vence a morte e certo é que nada material se traz a este mundo, quando do seu ingresso pelo berço, e dele nada se leva, quando soar o instante do desprendimento compulsório da matéria em ruínas.
E enquanto a cultura materialista de nosso tempo parece enlouquecer multidões incalculáveis, nublando o entendimento acerca da impermanência de tudo que é sólido, a peregrinação pelo túmulo prossegue arrebatando a cada hora milhares de invigilantes, distraídos ou iludidos, arrancando-lhes a venda dos olhos para contemplação da verdade.
Nada tiveram. Detiveram.
De nada eram donos. Tudo era (e é)de Deus, que concede a uns e outros, a título precário.
Em grave momento de Seu messianato, o Excelso Amigo advertiu as criaturas iludidas: que adianta possuir tanto, se ainda hoje a Divindade chamará a alma que és ao país da verdade?
Que tens como aquisição intrínseca, inacessível a salteadores, ferrugem e traças do caminho?
Precárias posses, por mais expressivas que sejam, são do mundo e no mundo ficarão algum dia. Importa, antes de tudo, ser de Deus.
Aproveita a presente romagem carnal e exercita o desprendimento, a renúncia e partilhamento com quem segue contigo em penúria ou carência.
Torna-te mecenas do pão, investidor da luz espiritual e mercador da esperança, nunca esquecendo que os diamantes são eternos, mas seus proprietários são transitórios.
Em atravessando a aduana da morte biológica, ninguém te perguntará que cargo ocupaste ou quanto detinhas em unidade monetária do mundo.
Serás avaliado pelo bem que espalhaste em derredor de tua influência, e sob esse prisma, uma flor ofertada a alguém em bancarrota emocional terá mais valia que uma montanha de cédulas mofadas.
Pensa nisso e prossegue espalhando teus tesouros íntimos, fazendo alvorada de luz em muitas vidas sombrias.
Marta (Espírito)é
Salvador, 04.05.2025
Médium: Marcel Mariano


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