domingo, 11 de maio de 2025

O CÉU É O LIMITE

 


Imagem ilustrativa


Amiúde, costuma-se afirmar que o céu é o limite, quando das tentativas do ser em buscar algo que supere as fronteiras do impossível. E o tempo que se vive foi tornando o improvável possível e a fantasia fez-se realidade.

As imensas dificuldades de outros tempos foram superadas pela tecnologia e engenhosidade da astúcia humana, criativa e curiosa o tempo todo.

O mais pesado que o ar transpõe hoje os continentes, submarinos investigam os abismos oceânicos, sondas não tripuladas devassam o espaço além de nossa atmosfera, cirurgias impensáveis se fizeram rotineiras em hospitais diversos e os campos explodem na produção de grãos, contrariando a meteorologia.

Meios de comunicação tornaram o planeta uma aldeia, onde o contato se faz em tempo real, otimizando ações e situando pessoas e ocorrências em frações de segundos.

Inegável constatar o quanto evoluímos em aparatos de natureza mecânica e digital, onde milhares de satélites em torno do orbe terrestre viabilizam essa ciclópica mudança de natureza intelectual. Ficou mais evidente, entretanto, nossa lentidão no terreno das aquisições morais, possibilitando a construção de uma sociedade feliz, ainda utópica.

De polo a polo vê-se a violência produzindo desaires, o abandono favorecendo a ruptura de laços de família, a indiferença gerando amargura e as paixões produzindo imensos cordões de alienados e mutilados dos sentimentos.

Cercado de novidades eletrônicas, uma parcela significativa da mole humana carece de sentido existencial. Mergulhada no fosso sombrio das ilusões e das aparências, clama por ajuda para ressignificar o próprio existir.

Aí estão as neuroses brutais, as fobias desafiadoras, as síndromes de difícil abordagem e as angústias devoradoras, inquietando a sociedade que se ufana da rapidez com que se comunica, em meio a bilhões de solitários.

Sobram internautas, falta um amigo.

Muita comunicação, escasso entendimento.

Muita gente palradora, poucos dispostos a ouvir com atenção.

O ser parece engolido pela própria empáfia, admitindo-se senhor da própria história, mas caminha claudicante no terreno de sua natureza íntima.

Parte das crenças religiosas ora presentes na sociedade não consegue ofertar resposta adequada às indagações existenciais, mais tumultuando o imenso bloco dos desajustados e vulneráveis.

Por onde começar o exercício da misericórdia e da amorosidade para com o semelhante? De que forma auxiliar o outro a equacionar-se, sem que cada um perca suas próprias metas de vida?

É inegável constatar que nosso passado, individual e coletivo, possui um peso indiscutível nessa balbúrdia moderna, sendo fundamental passar ele a limpo. Destacar nossas conquistas e avanços nesse ou naquele campo do conhecimento, mas não olvidar que relegamos a segundo plano nossa melhoria moral. Numa sociedade que se ufana do cérebro espetacular e da inteligência artificial, o tecido cardíaco parece atrofiado, prenunciando infarto fulminante.

O conhecimento se vale de veículos ligeiros nos seus admiráveis avanços, mas as relações interpessoais nunca estiveram tão deterioradas como nos tempos presentes.

Fundamental resgatar a pessoa humana e não a persona exterior.

Ninguém ignora ou despreza a instrução, farta e disponível em nossos dias, mas é inegável que precisamos resgatar os fundamentos da educação, aquela que produz homens e mulheres de bem.

Rompe os grilhões de vícios e nos estimula a bons hábitos.

Nos reconecta com o sagrado, porção esquecida em nossa intimidade profunda.

Todas as grandes vertentes religiosas da história a ela, a educação moral, se referiram, mas os penduricalhos teológicos desfiguraram esse investimento, que somente pode ser praticada na intimidade do lar, laboratório das vivências humanas.

Urge socorrer a família, que estertora e agoniza, ante os imensos conflitos daqueles que a constituem.

Não por outro motivo Jesus, o terapeuta por excelência, começou Seu messianato num casamento em Caná, e encerrou Sua trajetória numa cruz, onde pediu a João que tomasse conta de Maria, Sua mãe, e vice-versa. Na súplica pelo amparo recíproco, se oculta maravilhoso símbolo de solidariedade e fraternidade onde, não obstante uma civilização superavançada em tecnologia, precisamos resgatar o Espírito da tirania da carne, apontando rumos libertadores para que o ser saiba de onde veio, porque aqui chegou, porque sofre e para onde vai depois da anóxia e da cianose corporal.

Se estas questões forem enfrentadas com altivez e coragem, grande parte de nossos conflitos se dissipará

como uma neblina, esbatida por vigoroso clarão de aurora, prenunciando novo dia.

Até lá...


Marta (Espírito)


Médium: Marcel Mariano

Salvador, 11.05.2025




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