segunda-feira, 26 de maio de 2025

Terras emocionais jamais visitadas

 

Imagem ilustrativa



Quando do aparecimento das primeiras civilizações constituídas, o homem não tinha a menor noção do tamanho do globo terrestre e de seus vastíssimos oceanos. Ocupava uma porção de chão e se considerava senhor de um reino gigantesco. As viagens em busca de novas terras e riquezas ampliaram essa visão precária e as terras conquistadas se fizeram continentais. Alexandre Magno se fez dominador de muitos povos e sucumbiu a uma febre, que o matou antes de completar 34 anos de idade. Gêngis Khan, temível guerreiro mongol, trucidou incontáveis adversários e desceu ao olvido pela morte em circunstâncias trágicas.

Com o advento das ciências e das viagens náuticas, os horizontes se ampliaram, os burgos habitados se fizeram aldeias e estas se transformaram em imensas colmeias humanas.

A economia se diversificou, o comércio amplificou laços entre os povos, a agricultura se fez base da sustentação da vida e o conhecimento revolucionou a cultura que se tinha do mundo então habitado.

Presentemente, oito bilhões de seres ocupam as vastidões terrestres, cada qual buscando um lugar de moradia, não obstante imensas áreas desérticas, insalubres outras e florestas densas em vários continentes.

Apesar do avanço desenfreado da especulação imobiliária, onde a ganância prevalece acima de interesses ecológicos, o homem ainda não teve a coragem de perscrutar o insondável mundo íntimo.

Terras emocionais jamais visitadas. Charnecas de paixões não drenadas pela educação dos sentimentos. Áridos desertos de indiferença e hostilidade ao outro. Pântanos morais.

Areias movediças de escárnio ao contato com o semelhante.

Bosques de espinhos de insatisfação.

Somente quando possuidor de coragem e humildade, será capaz de percorrer os insondáveis terrenos da intimidade profunda, equacionando o porquê da existência e como aqui chegou.

Qual a razão porque converteu a própria marcha num calvário de amargura e disputas vãs?

Que significado tem sua vida para os outros e de que material mental se vale para consolidar sua atuação perante outras vidas?

Tem erguido estranhas catedrais de fanatismo e loucura, onde projeta a própria insânia em busca do ter, olvidando ser pessoa.

Sorri diante do berço e se envergonha diante do túmulo, encerrando de maneira melancólica o périplo pelo corpo precário, ostentando mãos vazias de idealismo sadio.

Adorou ídolos de barro e olvidou a progenitura divina, como se Deus não existisse.

Teceu escuros fios de vaidade e insensatez, se fazendo refém das próprias teias de invigilância e soberba.

Ó, peregrino desmemoriado da jornada para o infinito, estuga esse passo apressado e pede divórcio dessa ansiedade que te consome! Reflexiona de maneira madura sobre tuas buscas existenciais.

Qual o acervo de tuas conquistas reais?

O que tens é realmente teu ou é simples empréstimo da Divindade para facilitar tua iluminação?

Como vais prestar contas do muito recebido, se te fizeste um dilapidador do patrimônio confiado às tuas mãos?

Eis teu crepúsculo orgânico, te obrigando a desacelerar a marcha, dobrando teu olhar para a mãe terra, pisoteada desde tempos imemoriais e quase nunca amada, cuidada.

Que fizeste de tuas sementes?

Em tuas cogitações tardias, lembra-te de Jesus, o Divino jardineiro, que precisou apenas de um berço singelo numa estrebaria, um punhado de amigos e duas traves entre equivocados para construir uma estrada de luz, rasgando a noite escura e apontando sublime alvorada de realidade espiritual, muito além da escuridão da posse devoradora.

Vem, ainda tem lugar para ti nesse comboio chamado esperança!


Marta (Espírito)

Paulo Afonso, 25.05.2025


Médium: Marcel Mariano



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