quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Cataratas do Sangue

 


No interior da Antártida, no Glaciar Taylor, localizado nos Vales Secos, está um dos fenómenos naturais mais singulares do planeta: as chamadas Cataratas do Sangue. Em meio ao gelo branco, um fluxo de líquido vermelho-escuro emerge como se o gelo estivesse "'sangrando".

O fenómeno foi observado pela primeira vez em 1911 pelo geólogo australiano Griffith Taylor, que inicialmente atribuiu a coloração à presença de algas.

Durante décadas, diferentes hipóteses foram propostas, mas apenas estudos mais recentes esclareceram a verdadeira causa.

Abaixo da Geleira Taylor está um lago subterrâneo que foi isolado do ambiente externo por aproximadamente 1,5 milhão de anos. Este reservatório, localizado a cerca de 400 metros de profundidade, contém água com uma concentração de ferro cerca de 20 vezes superior à dos oceanos comuns. Quando esta água chega à superfície através de fissuras no gelo, o ferro entra em contacto com o oxigénio atmosférico, sofre oxidação e adquire a tonalidade vermelha característica.

Além do processo químico, o lago abriga uma comunidade microbiana única. Estes microrganismos sobreviveram em completo isolamento, sem luz solar, sem oxigénio e a temperaturas extremamente baixas.

A sua sobrevivência depende do metabolismo à base de ferro e enxofre, o que os torna um exemplo notável de adaptação em condições extremas.

As quedas de sangue demonstram não apenas processos geoquímicos incomuns, mas também a capacidade da vida de se adaptar a ambientes considerados inóspitos. Este ecossistema fornece um modelo importante para a astrobiologia, sugerindo que formas de vida semelhantes poderiam existir em ambientes extraterrestres, como os oceanos subterrâneos de Europa (lua de Júpiter) ou

Encélado (lua de Saturno).

Assim, o fenómeno não é apenas um espetáculo visual, mas também valiosas evidências científicas sobre a resistência e a diversidade da vida em nosso planeta.


Fonte: Facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário