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Escoados dois mil anos de Cristianismo, contemplamos as imensas contribuições inoculadas pelos princípios cristãos no seio da humanidade. A arte se fez estesia, a música sublimou os acordes e lapidou a letra, a medicina socorreu a carne enferma e a assistência social promoveu a criatura humana vulnerável, amparando-a com farnel e o resgate da dignidade.
No campo religioso, as mudanças foram mais significativas ainda, abandonando o homem, paulatinamente, seus ancestrais ídolos, quais o bezerro de ouro e as divindades frias e insensíveis das mitologias ancestrais, patrocinando a consolidação do monoteísmo no cerne da alma sedenta pela descoberta do sagrado.
Diminuíram-se as distâncias entre os povos e o comércio se fez menos abusivo, progredindo as letras e o conhecimento, favorecendo a higiene e a ordem social nos mais diversos níveis.
Constituições e diplomas legais buscaram nos textos da Boa Nova inspiração para que a liberdade fosse assegurada dentro das diretrizes da responsabilidade individual, patrocinando justiça e equidade para incontáveis povos.
O martírio que se seguiu à propagação da mensagem crística, com imolações dolorosas dos adeptos da primeira hora cederam lugar ao respeito não só do Cristianismo e suas vertentes, mas de qualquer pensamento religioso adotado pelo cidadão em gozo de seus direitos civis.
Dos atuais oito bilhões de encarnados, quase três bilhões afirmam abraçar a causa do Sublime Amigo, divulgando-a de alguma forma.
Entretanto, não obstante o volume crescente de religiões a se espalharem no orbe terrestre, favorecendo os mais diferentes graus de evolução intelecto-moral, o rastilho de pólvora da guerra ainda atormenta as nações, a indiferença pela vida assusta a vida urbana e as hediondas formas de extermínio permanecem desafiando o direito e zombando da justiça.
Multiplicam-se os fóruns e as penitenciárias, coibindo a brutalidade que se alastra sem controle por parte das forças do Estado, mas nem isso tem impedido que nações e povos se entreguem aos braços da fraternidade e da tolerância recíproca. O racismo e a discriminação violentam a dignidade da pessoa humana e vulneráveis, quais idosos, crianças e mulheres indefesas, diariamente, sucumbem ao abandono material ou são vítimas de crimes cruéis, ainda retratos de uma sociedade materialista e doente.
Em pleno nevoeiro de ilusões sobre o corpo precário, a tentativa de permanecer na matéria putrescível como se dispusesse de uma blindagem de aço inoxidável, todos os dias o comboio da morte arrasta para o grande além cultos e incultos, sábios e sádicos, psicopatas e gênios, letrados e analfabetos, os deixando nas vastas praias da espiritualidade, onde cada um recolhe a bagagem moral e intelectual que despachou para a alfândega da vida no invisível.
Ninguém deserdado da misericórdia divina. Pessoa alguma desprovida de condições para diluir a própria ignorância ante as verdades que ignora.
Constatando que a mensagem cristã está a sofrer, presentemente, implacável combate por parte daqueles que não desejam o avanço do planeta para estágios mais purificados de evolução, imenso exército de despossuídos da cápsula carnal se movimentam na esfera espiritual, cooperando com Jesus na drenagem dos bolsões de miséria e vandalismo psíquico que ora fragilizam as estruturas dos sentimentos coletivos.
Urge viver a mensagem cristã, resgatando seu padrão dos primeiros três séculos do Evangelho. Sob nova interpretação do Espiritualismo moderno, todos são chamados pelo Excelso Pastor a se doarem em novo holocausto, onde as emoções superiores tenham primazia sobre o primarismo das paixões mundanas.
Atitudes proativas.
Convivência pacífica e fraterna com diferentes.
Imunização emocional ante o contágio das querelas políticas, representantes do domínio de César num mundo em colossal transição.
Cultivo do silêncio ante as provocações e aumento da cota de serviço desinteressado, suprimindo as lacunas na vasta seara, onde ainda escasseiam servidores fiéis.
Nesse momento de profunda crise social, onde a anarquia e o deboche, o escárnio e a chalaça se fizeram ferramentas virtuais para rebaixamento da mensagem cristã, cabe ao espírita cristão, em particular, grave tarefa, que é a de viver integralmente a mensagem que diz abraçar, sendo hoje melhor do que ontem e suando para ser amanhã melhor do que hoje.
Nenhuma disputa por laureis passageiros. Nenhuma ambição que não seja servir e passar.
Olvidar mágoas e ressentimentos, buscando padronizar o próprio comportamento nos padrões de Jesus Cristo.
Optar pela condição de vítima, se necessário, mas nunca se permitir ser algoz de seu semelhante.
E quando o crepúsculo da existência anunciar-lhe o inadiável regresso aos planos rarefeitos da vida, recolher a enxada gasta nos ombros cansados e se colocar a caminho de um novo dia, como quem retorna para casa após ligeiro exílio em terras estrangeiras, assegurando entre lágrimas e risos:
~ Eis-me aqui, Senhor! Fazei de mim instrumento novamente de Tua santa vontade!
(Espíritos):
Marta
Henrique de Luna
Amélia Rodrigues
José Petitinga
Manuel Miranda
Salvador, 17.08.2025
Médium:
Marcel Mariano


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