domingo, 17 de agosto de 2025

Multiplicam-se os fóruns e as penitenciárias.

 

Imagem ilustrativa


Escoados dois mil anos de Cristianismo, contemplamos as imensas contribuições inoculadas pelos princípios cristãos no seio da humanidade. A arte se fez estesia, a música sublimou os acordes e lapidou a letra, a medicina socorreu a carne enferma e a assistência social promoveu a criatura humana vulnerável, amparando-a com farnel e o resgate da dignidade.

No campo religioso, as mudanças foram mais significativas ainda, abandonando o homem, paulatinamente, seus ancestrais ídolos, quais o bezerro de ouro e as divindades frias e insensíveis das mitologias ancestrais, patrocinando a consolidação do monoteísmo no cerne da alma sedenta pela descoberta do sagrado.

Diminuíram-se as distâncias entre os povos e o comércio se fez menos abusivo, progredindo as letras e o conhecimento, favorecendo a higiene e a  ordem social nos mais diversos níveis.

Constituições e diplomas legais buscaram nos textos da Boa Nova inspiração para que a liberdade fosse assegurada dentro das diretrizes da responsabilidade individual, patrocinando justiça e equidade para incontáveis povos.

O martírio que se seguiu à propagação da mensagem crística, com imolações dolorosas dos adeptos da primeira hora cederam lugar ao respeito não só do Cristianismo e suas vertentes, mas de qualquer pensamento religioso adotado pelo cidadão em gozo de seus direitos civis.

Dos atuais oito bilhões de encarnados, quase três bilhões afirmam abraçar a causa do Sublime Amigo, divulgando-a de alguma forma.

Entretanto, não obstante o volume crescente de religiões a se espalharem no orbe terrestre, favorecendo os mais diferentes graus de evolução intelecto-moral, o rastilho de pólvora da guerra ainda atormenta as nações, a indiferença pela vida assusta a vida urbana e as hediondas formas de extermínio permanecem desafiando o direito e zombando da justiça.

Multiplicam-se os fóruns e as penitenciárias, coibindo a brutalidade que se alastra sem controle por parte das forças do Estado, mas nem isso tem impedido que nações e povos se entreguem aos braços da fraternidade e da tolerância recíproca. O racismo e a discriminação violentam a dignidade da pessoa humana e vulneráveis, quais idosos, crianças e mulheres indefesas, diariamente, sucumbem ao abandono material ou são vítimas de crimes cruéis, ainda retratos de uma sociedade materialista e doente.

Em pleno nevoeiro de ilusões sobre o corpo precário, a tentativa de permanecer na matéria putrescível como se dispusesse de uma blindagem de aço inoxidável, todos os dias o comboio da morte arrasta para o grande além cultos e incultos, sábios e sádicos, psicopatas e gênios, letrados e analfabetos, os deixando nas vastas praias da espiritualidade, onde cada um recolhe a bagagem moral e intelectual que despachou para a alfândega da vida no invisível.

Ninguém deserdado da misericórdia divina. Pessoa alguma desprovida de condições para diluir a própria ignorância ante as verdades que ignora.

Constatando que a mensagem cristã está a sofrer, presentemente, implacável combate por parte daqueles que não desejam o avanço do planeta para estágios mais purificados de evolução, imenso exército de despossuídos da cápsula carnal se movimentam na esfera espiritual, cooperando com Jesus na drenagem dos bolsões de miséria e vandalismo psíquico que ora fragilizam as estruturas dos sentimentos coletivos.

Urge viver a mensagem cristã, resgatando seu padrão dos primeiros três séculos do Evangelho. Sob nova interpretação do Espiritualismo moderno, todos são chamados pelo Excelso Pastor a se doarem em novo holocausto, onde as emoções superiores tenham primazia sobre o primarismo das paixões mundanas.

Atitudes proativas.

Convivência pacífica e fraterna com diferentes.

Imunização emocional ante o contágio das querelas políticas, representantes do domínio de César num mundo em colossal transição.

Cultivo do silêncio ante as provocações e aumento da cota de serviço desinteressado, suprimindo as lacunas na vasta seara, onde ainda escasseiam servidores fiéis.

Nesse momento de profunda crise social, onde a anarquia e o deboche, o escárnio e a chalaça se fizeram ferramentas virtuais para rebaixamento da mensagem cristã, cabe ao espírita cristão, em particular, grave tarefa, que é a de viver integralmente a mensagem que diz abraçar, sendo hoje melhor do que ontem e suando para ser amanhã melhor do que hoje.

Nenhuma disputa por laureis passageiros. Nenhuma ambição que não seja servir e passar.

Olvidar mágoas e ressentimentos, buscando padronizar o próprio comportamento nos padrões de Jesus Cristo.

Optar pela condição de vítima, se necessário, mas nunca se permitir ser algoz de seu semelhante.

E quando o crepúsculo da existência anunciar-lhe o inadiável regresso aos planos rarefeitos da vida, recolher a enxada gasta nos ombros cansados e se colocar a caminho de um novo dia, como quem retorna para casa após ligeiro exílio em terras estrangeiras, assegurando entre lágrimas e risos:

~ Eis-me aqui, Senhor! Fazei de mim instrumento novamente de Tua santa vontade!


(Espíritos):

Marta 

Henrique de Luna 

Amélia Rodrigues 

José Petitinga

Manuel Miranda

Salvador, 17.08.2025


Médium:

Marcel Mariano



Nenhum comentário:

Postar um comentário