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Desde a dominação da escrita aos tempos modernos, a criatividade humana, aliada à necessidade, engendrou a confecção de milhões de textos que buscavam retratar as buscas existenciais.
Homens vazios deixaram poemas amargos. Filósofos pontuaram inquietações íntimas. Esculápios descreveram sintomas de seus pacientes. Pensadores vazaram crônicas e romances, retratando amores proibidos e guerras periódicas.
Religiosos escreveram mantras e orações, salmos e súplicas ao Divino. E a humanidade guardou grande parte desse acervo, hoje base das culturas dos povos e esteio de religiões e crenças.
Do livro dos mortos dos egípcios a Shakespeare, do torá a Kant, da Ilíada ao pensamento pedagógico de João Henrique Pestalozzi temos milênios de produção cultural, nutrindo mentes e corações diversos.
Eis que aportamos no século da tecnologia abundante, onde o texto saiu do papiro e das tabuinhas de argila e foi parar nas telas touchscreen, expressando infinitas emoções.
Apesar dos avanços incontestáveis, a solidão de muitos permanece qual fantasma inabordável. Tem-se seguidores, mas não amigos. Coleciona-se fãs, mas não afetos. Acumula-se volumoso acervo de admiradores e simpatizantes, mas o mundo interior apresenta-se árido, qual país ignorado, varrido por tempestades emocionais de difícil abordagem.
Mesmo aos possuidores de crenças religiosas, conforme a escola de fé a que se filiem, o drama da solidão afetiva parece uma enfermidade sem cura. Naves de igrejas lotadas, cultos animados e pregação incisiva, mas o adepto parece vagar numa onda distante, inatingível em seus anseios que não consegue verbalizar.
Quanta falta faz um amigo! Alguém com quem possa falar sem medo de sofrer críticas, de ser censurado. Alguém que se coloca em nosso lugar e enxerga o desafio pelas mesmas lentes de nosso olhar.
Enquanto tantas ramas cristãs erguem suntuosas igrejas, enquanto mesquitas e sinagogas, terreiros e grêmios espiritualistas se apinham de profitentes em dias de culto, em incontáveis corações há um pesado crepe de silêncio e medo, solidão e amargura, impossíveis de serem postos no papel.
Leem, mas a frieza da letra não os consola. Ouvem cânticos argentinos, mas não vibram na mesma nota musical. De algum modo, se assemelham a cofres fechados, guardando segredos insondáveis.
Algemados a dramas invisíveis ao olhar comum.
Oito bilhões de almas no corpo e cada uma com sua história, suas lutas e seus desafios.
Ele iniciou sua jornada entre os homens numa maternidade improvisada entre palhas, laborou na carpintaria do pai como auxiliar no trato da madeira rústica e quando o chamado da vida o convocou à iluminação dos homens, buscou doze amigos entre analfabetos e pescadores modestos, inaugurando uma era jamais experimentada.
Quando mais precisou dos amigos, nos instantes de testemunhos supremos, encontrou solidariedade apenas no peito de um ladrão, crucificado ao lado dele.
Fez de sua cruz uma asa, de onde levantou breve voo para o infinito, retornando por Emaús para reabastecer de alegria e esperança os amigos da retaguarda.
Nunca nos deixou.
Prossegue velando pelos solitários e tristes da estrada evolutiva.
Em te enxergando sozinho nas tarefas abraçadas e sob o peso de espinhosas obrigações, lembra-te D'Ele.
Foi, é e será sempre teu melhor amigo, mesmo que o mundo te volte o rosto nas horas difíceis.
Em Jesus, terás um amigo que te aceita como és.
Simples assim.
Marta (Espírito)
Andorinha, 31.08.2025
Médium: Marcel Mariano


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