Imagem ilustrativa
Da caverna ao palacete moderno, a criatura humana assistiu desfilar diante dos próprios olhos milhares de séculos de evolução. Da machadinha de sílex ao drone destruidor, seus neurônios percorreram incontáveis eras de aperfeiçoamento e investimento no campo intelectual.
Dos papiros egípcios aos tablets ultra sofisticados, a cultura exibiu enorme diferença. Da barbárie de tempos pré-históricos ao cultivo da diplomacia contemporânea, as civilizações empreenderam considerável esforço no terreno das relações interpessoais. E dos templos pagãos, onde a mitologia predominava no cultivo a deuses de pedra, até às modernas igrejas e sinagogas dos dias atuais, a relação com o divino foi modificada incontáveis vezes, atendendo as necessidades do ser na sua ânsia de buscar o transcendente.
Paulatinamente, esse cérebro sedento de conquistas e ufanias vem percebendo que abaixo da cabeça, existe um coração que sofre o abandono a que foi relegado pela tirania do muito pensar e do pouco sentir.
Tem-se fome de afeto e no meio das massas, o ser lastima a própria solidão.
Fala-se muito e se escuta cada vez menos.
Dispondo de meios tecnológicos cada vez mais avançados em todas as áreas, o ser pensante percebe que nem só de chip vive o homem.
Uma sociedade que parece ter priorizado abismos e olvidado construir pontes.
Relacionamentos frágeis.
Diálogos superficiais.
Crenças em abundância e saber ralo.
No berço, as alegrias da chegada e nos portais do túmulo a tristeza desesperadora da separação que lhe parece definitiva.
A preocupação excessiva com a saúde corporal e quase nenhuma com a saúde emocional, num desfilar diário de atrocidades e acontecimentos hediondos no terreno das atitudes para com o semelhante.
Herdeiro de leis arbitrárias, codificadas para um pretérito tumultuado e patriarcal, exibe hoje legislação flexível e abrangente, permitindo que o direito das minorias seja melhor respeitado, mas frequentemente assiste o desrespeito a esses mesmos estatutos e diplomas legais, em aberração da própria cultura jurídica edificada com enorme sacrifícios por pensadores e juristas.
Há um vazio enorme no coração da criatura humana. Possui coisas e acumula haveres, mas não consegue deter as lágrimas de dor quando se percebe frágil e desamparado.
Ninguém vive tão somente para si. As ilhas, conquanto separadas dos continentes, são nutridas pelos oceanos ou rios que as banham incessantemente.
Sem a presença do amor a vida estiola e definha. A solidão deriva da falta do cultivo da solidariedade.
Os amigos são fontes da eterna juventude. A esperança no porvir cimenta o otimismo nos dias presentes. Uma fé lúcida, construída no trabalho do bem, reveste o ser de uma alegria desconhecida e inatingível pelos petardos da maldade.
E quando se descobre a figura de Jesus no íntimo, desvestido de rituais e penduricalhos teológicos, o ser se faz potência de paz e agente de transformação moral, começando em si mesmo o sublime desiderato do crescimento para Deus.
Suas ambições se fazem servir e passar. Uma perene primavera guarda-lhe o íntimo. Nenhuma oposição frustra-lhe a caminhada evolutiva. Obstáculos se fazem alavancas de avanço, tropeços são lições e feridas são troféus da ascensão.
Pode seguir sozinho, nunca solitário.
Faz do Cristo seu modelo e guia e para o Pai ruma em meio às tempestades periódicas da marcha.
Descobre no amor, sublime amor, a escada com que tece sua ascese para mais altas expressões da vida. Faz-se uma estrela, incidindo sua claridade para quem ainda caminha na madrugada moral.
De simpatizante, migra para o apostolado.
Tens ciência disto?
O Cristo espera.
Marta (Espírito)
Jiquiriçá, 24.08.2025
Médium: Marcel Mariano


Nenhum comentário:
Postar um comentário