Convidada a integrar uma equipe de pesquisa e auxílio ao ser humano nos embates das lutas da vida material, aquiescemos ao honroso convite e nos fizemos presentes em janeiro último. O sábio grego Apolônio de Tiana, com sua sabedoria milenar e profundo conhecimento da vida espiritual e das angústias humanas, conduzia a caravana de aprendizes.
Examinamos, inicialmente, a psicosfera do planeta, como que circundado por nuvens pardacentas, sob relâmpagos medonhos. Qual algodão encharcado de fumo, exibia uma estranha tonalidade, possuindo uma textura pegajosa como a baba do quiabo. Em seu caldo nutriente, vibriões de natureza psíquica nadavam livremente, arrastando consigo alta carga tóxica para quem com ela sintonizasse.
Libramos sobre as florestas densas de Papua Nova Guiné, desertos da Austrália e cânions da América do Norte, em todos eles identificando a estranha substância de textura gelatinosa.
Percorremos os oceanos do planeta azul, desde o Índico até o Pacífico, observando a tonalidade das águas sob a ótica do olhar espiritual. Entre nós, biólogos e oceanógrafos, ecologistas e químicos, quase todos estampando na face a preocupação com o ambiente psíquico que ora infesta o planeta, em seu período de grandes tormentas de natureza moral e espiritual.
Pairando sobre Gaza e a Palestina, não nos escapou ao olhar as incontáveis multidões de seres expulsos do corpo pela violência dos conflitos bélicos, a maioria em urros de revolta e sede de revanche.
O preclaro condutor, firme na condução do grupo de estudiosos, adicionava essa ou aquela pequena preleção, esclarecendo fatos e circunstâncias, sem julgamento de qualquer espécie.
Findo o giro na volitação instrutiva, o nobre e generoso amigo arrebatou o grupo para as praias de Cafarnaum e diante do lago de Genesaré, nos fez assentar na praia, resgatando em cada um suaves lembranças das prédicas de Jesus. Após exorar as bênçãos divinas para nossa excursão de um dia inteiro, nos aquietamos sob o pálio das estrelas e nos permitimos silenciar as emoções internas, assaltadas naquele horário por tantas visões de extremismo e miséria, dor e revolta.
~ Amados, nestas paisagens milenares, há mais de dois mil anos, uma estrela de primeira grandeza renunciou aos planos da felicidade plena e vestiu-se de andrajos materiais para uma demorada convivência com as fragilidades humanas. Teceu poemas de amor, orientou vidas perdidas e advertiu os impostores, desmascarando hipócritas.
Fez-se acompanhar de doze amigos e a costumeira multidão de pedintes, sofredores e excluídos. A ninguém constrangeu a segui-Lo.
Ministrou ensinamentos simples, exaltou o grão de mostarda e abençoou o denário que socorre a fome. Dialogou com equivocados e trânsfugas da lei, em rudes pelejas nos cenários do mundo.
Traído e abandonado pelo colegiado frágil, retornou ao solo triste dos caminhos tortuosos para cimentar a esperança e reavivar a alegria.
Hoje, quase três bilhões de indivíduos afirmam o conhecer e seguir seus ensinos, não obstante termos visto o palco terrestre tomado de sombras e disputas, guerras e atrocidades.
Jesus está na memória de muitos, falta cultivá-lo no coração. Permanece preso a uma cruz de martírio há vinte séculos, sem que o cristão decidido se resolva por libertá-lo em definitivo.
Não nos cabe qualquer julgamento ou censura aos que jornadeiam pelos labirintos da astúcia e da insensatez. Igualmente, já percorremos outrora essas mesmas estradas, ceifando vidas em orgias e conflitos armados, ostentando o estandarte divino para nossas cruzadas de impiedade e loucura.
~ Essas sombras densas estão a intoxicar a imensa mole de oito bilhões de encarnados, gerando incontáveis prejuízos para a saúde mental e orgânica, de consequências imprevisíveis. Busquemos ajudar o homem e a mulher a se reconectarem com Deus e com o Sublime Peregrino. Que cada um se faça, desde já, carta viva do Evangelho e vexilário da Boa Nova, insuflando renovação e otimismo nos desalentados e oprimidos.
O planeta marcha, com seus inquilinos, para rudes provações, onde aprenderá, à custa de si mesmo, que ninguém ludibria a lei ou foge da própria consciência.
O venerando apóstolo do bem calou-se e nos deixamos embalar no silêncio profundo, onde as águas do Tiberíades pareciam, tocando as brancas areias, deixar entre os seixos uma parábola ainda não compreendida pela empáfia da criatura humana.
E o semeador saiu a semear...
Marta (Espírito)
Salvador, 21.09.2025
Médium: Marcel Mariano


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