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Observando o calendário na parede fixado, parece que o tempo passa numa velocidade superior ao nosso poder de controlá-lo. Os dias se sucedem numa azáfama sem fim, multiplicam-se os quefazeres sem que possamos atender a todos como gostaríamos e muitos compromissos vão sendo empurrados para uma ocasião que nunca chega.
Cada vez mais volumosas as queixas humanas relativas ao cansaço e às fadigas crônicas, e ninguém parece blindado contra esses males modernos.
Não é de hoje que as civilizações tentaram emparedar o tempo, se valendo dos ciclos solares e lunares, das vazantes dos rios e das enchentes periódicas. A movimentação dos astros indicava a passagem do tempo para alguns povos e culturas que a história sepultou.
Com a invenção de relógios solares e a eleição do Marco de Greenwich, delimitando faixas imaginárias de meridianos sobre o planeta, dividindo o planeta em duas bandas, Oriente e Ocidente, enquadraram-se as horas do dia e o período dos meses, permitindo maior controle sobre a passagem do homem pelo tempo.
Estações do ano assinalam a translação da Terra em torno do sol em 365 dias, na velocidade de 107 mil quilômetros por hora, e a rotação, realizada pelo ponto azul, na célebre definição do astrônomo Carl Sagan, foi averiguado como sendo de 23 horas, 56 minutos e 4 segundos.
Entretanto, para as comunidades modernas, submetidas à tirania do relógio e ao excesso de obrigações, o tempo nunca chega. Férias profissionais são curtas e as horas trabalhadas são longas. Menos horas de sono e corpos em fadigas intermináveis.
Energéticos em consumo exagerado, buscando manter a armadura carnal sob atenção e vigília quase que incessante, a fim de atender uma demanda que nunca cessa.
Escassas horas para o silêncio, minutos que nunca permitem o ócio criativo e qualquer sobra de horário traga o ser para as intermináveis redes digitais.
Menos leitura e incontáveis horas nas telas. Refeições ligeiras.
Sociedade palradora, raramente escutando os reféns do medo, os prisioneiros das agonias e os acorrentados à ansiedade sob descontrole.
De repente, a freada brusca, imposta por circunstâncias inesperadas. A enfermidade sem aviso prévio, o acidente, obrigando à hospitalização demorada, a apatia extrema, onde o ser perde o sentido existencial.
O arco-íris se faz cinzento. As metas parecem inatingíveis. A casa mental faz-se um fogo de agonias e solidão.
Esse panorama pode ser o raio -x de milhões de vidas que deambulam diariamente em torno de nossos passos. Estão nos metrôs e nas lotações abarrotadas de gente com pressa de chegar a algum lugar. Vias e artérias urbanas entupidas de veículos que não saem do asfalto, nos infernais engarrafamentos.
E o sonho de uma vida calma e tranquila parece cada dia mais utópico, distante, inatingível.
Amigo ou amiga da senda comum, estamos todos na mesma barca planetária, submetidos ao mesmo relógio. Berço é começo de uma nova experiência evolutiva na matéria e o túmulo encerra esse curso, abrindo novos horizontes na pátria dos despossuídos do carro orgânico. Não é pequeno o número dos que estão reclamando da falta de tempo e da hostilidade aparente de Cronos.
Se em tua agenda febril surgir alguns minutos breves, desacelera tua corrida e observa um pássaro cantando. Fixa teu olhar na chuva macia que cai rente à tua janela. Oportuniza aos tímpanos alguma melodia suave, que te refaça o mundo interior em contínua convulsão.
Ora. Medita. Silencia.
Toma nas mãos um retrato D'Ele e permite fixar teu olhar nos olhos de Jesus.
Nunca te fez qualquer exigência, nunca te cobrou horários rígidos, nem te impôs fidelidade.
Há vinte séculos te deixou um convite, ainda hoje ignorado: vinde a mim, cansados e oprimidos e encontrareis descanso de vossas fadigas! No mundo, somente tereis aflições!
Tens algum tempo para Ele?
Marta (Espírito)
Rio Grande/RS, 14.09.2025
Médium: Marcel Mariano

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