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Moldado mais pelo raciocínio do que pelos sentimentos, a atual paisagem humana revela o fascínio do pensamento lógico.
Desde as culturas mais antigas da Terra até a presente organização planetária, o homem tem se valido do fogo e do metal, da madeira e dos minerais para edificar cidades e impérios, fundando e refundando nações que se erguem num século e se diluem no século seguinte, deixando apenas escombros e ruínas.
O velho Egito é hoje areia e construções em bancarrota. A Fenícia já não conserva o próprio nome e suas descobertas náuticas hoje são patrimônio de quase todos os povos. A Índia, herdeira de culturas milenares, onde a revelação espiritual e o domínio da matéria pelo pensamento fizeram produzir avatares e gurus de renome, hoje claudica nas inquietações políticas contraditórias e na imensa babel de seus quase um bilhão e meio de habitantes.
A milenar cultura chinesa, a espelhar notáveis avanços no domínio da técnica agrícola, seda, pólvora e outros utensílios de imensa utilidade para as civilizações, hoje estertora na corrida armamentista, levantando quartéis e casernas, ogivas e tanques, como prenúncio de uma hecatombe mundial.
A Rússia dos czares e das neves perpétuas da gelada Sibéria, onde a inclemência dos invernos desenvolveu uma cultura forte e valente, hoje busca rivalizar com as nações mais prósperas da Terra, igualmente buscando o topo das conquistas espaciais e científicas.
E um conjunto de nações jovens busca sobreviver no tabuleiro complicado da política internacional, onde o jogo de interesses obedece a regra de conchavos e parcerias econômicas, em detrimento dos anseios das massas esfaimadas e carentes.
Ao lado dos carrões sofisticados, passam as carroças de miséria. Favelas e condomínios de luxo duelam por espaços urbanos. Escolas equipadas fazem valer cada tostão aplicado ao aluno ali matriculado, sem contemplar os milhões de analfabetos e iletrados, a estorcegarem na ignorância quase que absoluta.
Campos e armazéns fartos contrastam com mesas vazias do pão.
Em algumas mãos, fortunas monetárias colossais. Em multidões incontáveis, a carência de tudo que possa garantir o mínimo de sobrevivência da pessoa humana.
Um panorama de contrastes gritantes.
Um pretérito de glórias e ufanias e um presente de ameaças atômicas.
No centro da questão, o predomínio da inteligência, brilhando nos fastos da história e na exaltação das conquistas tecnológicas. Em abandono, o sentir, o cultivo das emoções nobres, o desabrochar da mansuetude e da simplicidade, na busca de uma vida simples.
Quase todos a reconhecerem que a qualidade de vida decaiu do ponto de vista emocional. Proclama-se a necessidade de uma mudança de atitude para com o planeta, a exibir iniludíveis sinais de exaustão de suas reservas naturais, desde a água potável aos minerais preciosos.
Brados ecológicos ecoam de polo a polo, denunciando os maus tratos do ser pensante à sua morada planetária.
Sem que as lições do passado sejam aproveitadas, sem que o futuro seja organizado agora, nosso presente passa a ser uma dolorosa interrogação, onde o senhor da razão e da lógica parece ignorar que seu agora será reflexo do seu amanhã.
Como agiria Jesus se pudesse falar aos mandatários transitórios do mundo no prédio da ONU?
Alteraria Seu código de conduta, exarado no Evangelho, muito conhecido e discutido, mas quase nunca vivido?
Aos novos obreiros, beneficiados pela revelação dos imortais, pesa um grave compromisso: viver a mensagem cristã, insculpi-la na conduta diária e fazer-se carta viva da Boa Nova, resgatando do ontem longínquo a pulcritude e estesia que impulsionava os primeiros mártires da fé renovada, buscando instalar no mundo, a começar de si mesmos, os marcos espirituais de um novo tempo, onde o sentimento ilumine o cérebro, projetando luzes nas sombras dessa madrugada raivosa, prenunciando o dia novo da era de regeneração que ansiamos desde o ontem distante.
Marta e Rubens Romanelli (Espíritos).
Salvador, 12.09.2025
Médium: Marcel Mariano


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