Dentre as graves calamidades dos tempos modernos, inclui-se a criminalidade como um dos mais aterrorizantes. Em quase todas as nações da Terra, juristas e autoridades parecem encurraladas ante a volumosa onda de atrocidades e crimes cometidos, sem que o aparato do Estado possa coibir ou reprimir as condutas delituosas.
Somas fabulosas são canalizadas para construção de presídios, quase todos abarrotados de sentenciadas e outros detidos, aguardando julgamento. Colônias penais e centros de reabilitação se erguem como manifestação governamental em resposta ao abuso da liberdade e ao uso equivocado do livre arbítrio, sem que as causas reais sejam abordadas, estancando a hemorragia de loucura e insanidade que ora varre as inquietantes paisagens humanas.
Por mais que os códigos penais sofram alterações e as penas cresçam em dilatação, buscando coibir a brutalidade reinante, esta parece inestancável, ceifando vidas de jovens, mulheres, crianças e idosos.
Tem-se avançados estudos acadêmicos, apontando a falência da família, discurso esse que igualmente permeia o púlpito de igrejas, programas de TV e rádio e debates diversos nas redes sociais, mas ao lado do problema, surgem tímidas sugestões de solução, como se o remédio para um câncer social fosse a simples ingestão de um analgésico. Homens e mulheres parecem desorientados, numa sociedade que priorizou a aparência em detrimento da essência. Vultosos recursos financeiros são despejados na instrução, minguando o investimento na educação dos sentimentos e das emoções. O diálogo entre pais e filhos escasseia na intimidade intramuros da família, onde quase todos os seus membros estão empenhados na sobrevivência material e na aquisição de segurança patrimonial para o porvir.
Lançado numa penitenciária para cumprimento da pena imposta pelo Estado, em casos de raras exceções, observa-se o investimento na recuperação moral do delinquente, com disponibilidade de equipe interdisciplinar para resgate da dignidade perdida aos trânsfugas das leis estabelecidas. Muitos padecem da lentidão de análise de seus processos e incontáveis são vítimas de erros judiciários, privados da liberdade por dilatados anos sem prova de sua culpabilidade.
Do código de Hamurabi ao código civil de Napoleão Bonaparte, das proibições do deuteronômio às duras regras da Sharia islâmica, temos um imenso caminho histórico e sociológico percorrido, onde o Estado se ergueu e plasmou leis e regras para manutenção da paz social, ora turbada por condutas agressivas, achaques de toda ordem e delitos variados.
Somente o resgate da ética e do respeito, o fortalecimento do instituto da família e a adoção de uma fé raciocinada poderão começar a produzir uma convivência pacífica e harmoniosa, onde o alheio não será cobiçado e as diferenças serão respeitadas, garantindo para quase todos um interrelacionamento sem as fortes tintas dos tempos atuais.
A mensagem de Jesus, rica de conteúdo e saudável na sua aplicação, pouco a pouco irá diluindo a selvageria ainda presente em uma sociedade fortemente marcada pelo materialismo, inclusive de natureza religiosa, onde o triunfo material e orgânico se sobreponha à compreensão legítima da vida espiritual e da impermanência de tudo que seja do mundo.
Muita falta faz Jesus no coração da criatura humana, ora prisioneira de uma cultura centrada na corporalidade e refém de religiões que priorizaram a barganha com Deus.
Se já fostes vítima da violência urbana, atingido em teus valores da dignidade da pessoa humana e teus bens subtraídos pelo meliante equivocado, persevera na dignidade e na conduta nobre. Cumpre teus deveres de cidadão e medita que és um exilado em terras estranhas, buscando auxiliar a Terra em transe para que gravite de um mundo de provas e expiações para um orbe de regeneração, onde a sociedade, exausta de combater os efeitos colaterais da criminalidade, possa direcionar as energias para fortalecer o bem, patrocinar o amor e edificar a bondade, erguendo no mundo íntimo as balizas do tão desejado Reino de Deus.
Marta (Espírito)
Salvador, 28.09.2025
Médium: Marcel Mariano


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