quinta-feira, 23 de outubro de 2025

O Evangelho permanece a carta magna da paz

 



Não obstante os avanços da medicina, em seus milhares de séculos de descobertas e conquistas admiráveis, permanece a Terra um vasto hospital de doentes do corpo e um manicômio, segregando incontáveis portadores de alienações diversas. 

Mergulhados num século de luzes e tecnologia que surpreende a cada instante, os bilhões de indivíduos não conseguem se forrar aos transtornos do humor e da emotividade, derrapando na perda do sentido existencial, na ansiedade abissal e nos escuros vales da depressão alienadora. 

Urge socorrer o ser que periclita nas agonias da hora que passa. 

Este sorri na TV ou nas  mídias sociais, ocultando uma chaga de frustração nos sentimentos. Aquele sugere a incontáveis seguidores receitas de bem-estar e felicidade, portando na intimidade emocional um conflito sem solução. Outro, escreve admiráveis textos de serenidade e refazimento, mas não consegue conciliar o sono quando se recolhe, atormentado por fantasmas de revolta e remorso. 

Mais um traça roteiros para a mente juvenil, inspirando uma geração alegre e festiva, escondendo de todos um vulcão da libido em desgoverno.

Alguns se postam em púlpitos como orientadores das massas, quais lideranças seguras no vasto terreno da fé religiosa, mas na retaguarda se fazem verdadeiros tiranos da família e vampiros de almas fragilizadas.

Sim, tem-se a possibilidade de ocultar os lepromas morais do olhar de terceiros, mas nunca se conseguirá esconder de si mesmo a imperfeição sem combate ou a fragilidade emotiva sem terapia adequada.

E mesmo assim, sob aleijões e deficiências várias, o Senhor nos aceita em Sua Seara de luz, nos permitindo compartilhar das feridas alheias, onde cada um se faz enfermeiro e enfermo ao mesmo tempo. 

O clima ideal é o da solidariedade. A fraternidade enseja que permutemos experiências de vida, aprendendo uns com os outros.

Enquanto persistir no planeta as barreiras ideológicas, as fronteiras emocionais e os intransponíveis muros da indiferença, poderemos colher os melhores frutos do laboratório e da oficina, facilitando a vida material e diminuindo suas agonias, mas conservaremos por desafio dos sentimentos o abismo cavado pela soberba e pela arrogância, escuras estradas de nossa própria imperfeição.

O Evangelho permanece a carta magna da paz para todas as latitudes do planeta, lecionando infinitas possibilidades de construção de uma sociedade justa e humanitária, pacífica e colaborativa, onde o forte ampara o fraco, o culto auxilia o ignorante, o vidente algo enxerga em favor dos chagados dos olhos e os lábios articulam preces em favor dos desesperados. 

Não nos bastará adotar essa ou aquela crença, se esta não nos fizer melhores. Em derredor de nossos passos, caminham milhares de perdidos e apátridas, refugiados da alma e desgarrados da fé, quais zumbis contemporâneos, vagando do nada para lugar nenhum. 

Comem o que acham, dormem o sono agitado de pesadelos cruéis, procriam quais irracionais e desconhecem princípios comezinhos de beleza e educação. Portam afiados espinhos nas carnes da alma, na oportuna expressão paulina, buscando quem os possa ajudar a se reencontrarem.

Muitos alegam ter perdido o endereço de Deus, mas a Sublime Paternidade os conhece a cada um, autorizando que os caminhos se cruzem nas trilhas do destino, onde quem tem, doa.

Lágrimas são enxugadas. 

Flores substituem os sarçais da animosidade. A secura do deserto encontra o oásis, diminuindo a aridez da marcha ascensional. 

Se ouviste o chamado D'Ele, apressa teus passos na direção da massa de desorientados. Distribui qualquer dádiva que te chegou às mãos, em favor de quem nada possui ou tudo perdeu. 

Reergue alguns tombados. Anima quem apenas se aconselha com a dor e a lamentação improdutiva.

Lê alguma página motivadora ou otimista em favor dos ignorantes da alma, reféns da inconsciência.

Deus sabe que trazes contigo dores não tratadas, conflitos não solucionados e sonhos despedaçados, mas mesmo ciente de tuas limitações, a voz do Senhor te convocou ao labor da solidariedade e do amparo, desde já suavizando teus amargores e chagas na enfermaria do amor, sob o analgésico do serviço desinteressado, onde perdoando e compreendendo, ouvindo e auxiliando, o Pai surgirá em teu caminho a cada dia qual bênção de luz e cântico de esperança, nos( rumos de tua plenitude


Marta e Meimei (Espíritos)

Presidente Prudente/SP, 23.10.2025M


Médium: Marcel Mariano





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