Imagem ilustrativa da estrada de Damasco
Possuidor de um vigor pouco visto na história, o jovem Saulo, doutor e intérprete da lei em Israel, não tergiversou na perseguição inclemente aos discípulos do Evangelho nascente.
Portando cartas que ofertavam-lhe poderes quase que absolutos, demandou Damasco em companhia de outros três amigos, tencionando calar uma das vozes mais marcantes daqueles dias inolvidáveis, Ananias.
E às portas da cidade histórica, viu-se diante de impressionante luminosidade, que o arrojou de sua empáfia e presunção, o fazendo rever, a partir dali, toda sua caminhada.
Reconsiderou caminhos.
Recapitulou a própria existência.
Alterou completamente o modo de pensar.
Abriu-se a nova compreensão.
Nos caminhos da vida, cada criatura sofrerá, aqui e ali, intervenção da divindade, no sentido de corrigir a própria rota, alterar o mapa existencial e ressignificar as buscas.
Gêngis Khan buscou a glória do domínio arbitrário e encontrou a morte, devorado por uma febre violenta. Alexandre Magno tencionou dominar o mundo e sucumbiu a uma enfermidade devoradora antes de completar 35 anos de vida. Nero ateou fogo em Roma, enquanto tocava sua lira de loucura e insanidade, descendo ao sepulcro sob o ódio de milhares de vítimas.
Césares diversos se autoproclamaram deuses, rolando para o olvido e a execração histórica em condições degradantes.
Ainda hoje, em tempos que exaltam o cérebro e a inteligência, magnatas e empresários se fazem crer senhores do mundo, procurando fugir de si mesmos e das suas torpezas morais, parecendo olvidar o corpo precário em que se manifestam.
Sobram Damascos.
Escasseiam Saulos.
Nem todos parecem observar as mudanças de paradigma que ora se operam na Terra, sob a condução segura de Jesus Cristo. Velhas e bolorentas estruturas de poder se desfazem ao sopro de conflitos armados ou debaixo de repúdio popular. Outros, são tragados por enfermidades cruéis e destruidoras no auge do poder ilusório, penetrando a madrugada da morte em completo abandono.
Somente o espírito que se permitiu tocar pelas claridades do amor e se sensibilizou ante as demandas humanas, consegue contemplar o planeta como sublime escola de aperfeiçoamento.
Busca ajustar-se ao desejo do alto. Faz-se ferramenta nas mãos de Deus, se deixando operar como arado em terras áridas de corações petrificados.
Em muitas Damascos, torna-se arauto de boas notícias.
Não persegue nem calunia. Auxilia e compreende.
Semeia a esperança e conclama à alegria.
Despontando dia novo, acolhe o sol como guia, diluindo as próprias sombras íntimas e mesmo desprovido de recursos mais dilatados, nesse ou naquele campo, torna-se suporte para muitos, apoio de caídos e mourão de tombados.
Domestica e educa o ego.
Espalha a confiança, exaltando a liberdade.
Não exige, não disputa, não peleja nem reclama.
Serve e passa.
Se já não surgiu à vista, tua Damasco não está tão longe de teus passos. Nela, não se homiziam teus adversários ou se escondem teus algozes.
Eles estão em tua intimidade, alimentados por tua presunção e armados por tua ignorância.
Alforria-os.
O fardo tem sido muito pesado até aqui, mas com Ele suave é o jugo, leve é a bagagem da esperança.
Diante de tua Damasco, firma teu compromisso com a luz e abandona teus propósitos de possuir o mundo. Busca ser senhor de ti mesmo, em ouvindo uma vez mais o apelo inolvidável:
~ Saulo, Saulo, porque me persegues?
Em derredor, o silêncio gritante do deserto das ilusões humanas. Dentro de ti, a eloquente resposta da mudança para o sumo bem.
Marta (Espírito)
Londrina/PR, 26.10.2025
Médium: Marcel Mariano
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