Imagem ilustrativa
Pelas insondáveis estradas da evolução.
Partimos.
Não sabemos quando e de onde. Mônadas informes, difusas, mergulhadas no vastíssimo oceano da vontade divina. Berçário coletivo, impressões vagas, quase inconsciência total, mas algo palpitava no centro desse princípio espiritual em germinação. A ânsia de saber, o sonho de voar, transcender, evoluir, descobrir.
Impossível definir quantas eras de tráfego vagaroso, agregando possibilidades e sutis percepções. Por dentro, o imenso silêncio, a escuridão da cova, onde quais sementes germinávamos, maturando possibilidades latentes. Externamente, o infinito insondável, berçário de estrelas e constelações em profusão, incontáveis pirilampos de Deus, afugentando as sombras estelares.
Viajamos.
Reinos diversos, múltiplos, inescrutáveis. Minerais radiantes e opacos, folhas ao vento e primaveras de esplêndida beleza, seguida de outonos pardacentos, onde a clorofila se nos desapareceu, deixando as marcas cinzentas da aparente morte, para ressurgir em outra estação florida, exuberante, diversificada.
Feras em alcatéias abundantes, cardumes colossais em abismos oceânicos, aparências medonhas, caninos medievais, mergulhadas na aquosa manifestação da Paternidade Excelsa, que a tudo preside em majestosa regência.
Bando de aves soltas, livres, singrando penhascos pontiagudos, vales desertos e montanhas altaneiras. Falenas multicoloridas em festa no jardim ou em voleios graciosos em derredor da roseira perfumada.
O receio do predador e ao mesmo tempo a coexistência com o instinto de sobrevivência, ansiando predar. A hibernação compulsória, o despertar aos primeiros raios de sol, abandonando a toca para perseguir as penedias e os vales em solitária jornada.
De onde para onde, impossível precisar.
Prosseguimos.
Vagidos de inteligência primária, surge a tribo e o clã, a taba e a palafita. Da árvore descemos para a caverna escura, lodosa, asquerosa. Lutas intermináveis por comida, água, espaço e ânsia de procriação.
A força forjando a lei.
O instinto rugindo em nós qual dialeto do bruto. Vez por outra, à nossa frente, a sutileza da gazela, o enternecimento ante o pirilampo frágil e o ninho desprotegido.
Começavam a brotar as nascentes do sentimento, confusas emoções. A imperiosa necessidade de dominar o meio ambiente, sobreviver a qualquer custo, romper a ignorância, produzir a fagulha e acender a fogueira.
Em marcha ascensional.
Primeiros ensaios da inteligência, raciocínios obtusos, escolhas equivocadas, quedas espetaculares, sorrisos fugidios. À nossa frente, o outro em titânica luta por parecidas conquistas.
Algumas parcerias, a permuta de sonhos, pesadelos em grupo e construções comuns. O poder fascina, o ter embriaga, o possuir entorpece. O delírio das massas ao nosso chamado, o aparente olvido de nossas origens e a embriaguez nas paixões ainda asselvajadas, como anjos por fora e feras por dentro.
O clarão da razão despontando, tímida, mas irrefreável. Ações que provocam reações. A lei do retorno impondo regras. A morte corporal desfazendo enganos, refazendo caminhos.
Nascendo, renascendo, vivendo, envelhecendo e morrendo, para novamente reviver o não aprendido, o rejeitado, o negado.
Incessantemente maturação de valores. A plenitude tão perto em alguns momentos e em outros tão distante.
Ó, Deus, onde estás, que não respondes aos nossos clamores?
E a Lei, inserta na consciência em despertamento paulatino, responde, segura e soberana:
~ Marchai, para o infinito marchai! És pó das estrelas, destinado pela Inteligência Cósmica à felicidade sem jaça e impurezas evolutivas.
Deus ontem.
Deus hoje.
Deus sempre.
Marta e Élzio Ferreira de Souza. ( Espíritos)
Londrina/PR, 29.10.2025
Médium: Marcel Mariano


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