terça-feira, 18 de maio de 2021

BONFIM>>>BECO DO BAZÁ

 


BECO DO BAZÁ


Hélio Freitas - 1949


Todo mundo passiava

Lá no Beco do Bazá

Mais o mil que se uvia

Era o tra-ra-lá-ra-lá

Dos dado dentro do bogue

E da roleta rodar

Todo munido passiava

Lá no Beco do Bazá.


Todo mundo chasquiava

Todo mundo namorava

Todo mundo se arriscava

Num jogo que tinha lá.


Um movimento danado!

Uns pra lá, outros pra cá!

Mais porém também se uvia

Lá das bancas as arrelia!

Uns chegava, outros saía

Uns ganhava, outros perdia

Era um barabadá.


E eu de longe apreciava

Só com os zoio eu ganhava

Como sapo-cururu.

Sentado no meu caminho

Tali quá um passarinho

Lá do alto do seu ninho

Vendo briga de urubu!


Tudo corria animado!

Uns banqueiro afobado

Fazia pagamento errado

E embalançava os seus dado

Na ambição de ganhá.


Banqueiro, era por desgraça!

Uns quebrando, outros quebrado...

Inté seu Mané-do-apito

Tava balançando os dado!


“Camarão”do Júlio Véio

“Lingüiça”, o “poeta”Anjinho.

Seu Roxo, Neco, Totonho,

O veterano Minininho.

O Adauto da “Culturá”

O foguetero Zé Toco

E também o Valdemá;

“Aliás”, Arnóbio, Luizinho,

Bubú etc. Bagá.


Desses qui eu disse o nome

Qual bancou só com treis dado?

E não mudou umas veizinha

Uns dadozinho chumbado?

Bom... aí eu tou fora...

Isso é cum o “Zuca Pelado”

Qui nessa treira era mestre

E agora tá aposentado

Prefirindo sê ingraxate

Qui é tramalho mais honrado

Embora viva amarelo

De tanto cheirá calçado.


“Sinhô Ruím”, este, coitado!

Com toda pose trajado

Óclos de ouro banhado

Em pé fitava sua banca,

Cum seu caxeiro dum lado

Como se fosse um majó

Inspecionando os sordado!


Bancou, se alegrou, ganhou,

Ficou mais compenetrado.

Mais depois o azá chegou

E o cabra ficou azarado!

E pra incurtá a história

Do banqueiro distrenado

De meia-noite indiante

“Sinhô Rúim”tava quebrado!


E que esta sirva de lição

Para uns cabra safado

Qui botam banca de jogo

Vão roubá e saem roubado.


Quem mais lucrou desse jogo?

- Ora essa! Os delegado.


E oiando aquilo tudo

Eu disse de mim pra mim:

- Tudo na vida é um jogo

Tudo na vida é assim:

Uns perdendo, outros ganhando,

Uns se rindo, outros chorando,

Uns no começo e uns no fim.

Desde o dia qui eu nasci

Qui ouço gente afirmá:

“Esta vida é uma roleta”.

E eu digo pra completá:

- Este mundo onde vivemo

É um Beco do Bazá!


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