Imagem ilustrativa
Em peregrinando pelo mundo, teus mais caros sonhos parecem divisar apenas pesadelos atrozes.
Homens secos e mulheres áridas.
Velhos rabugentos e juventude perdida.
Arte decadente e fixações doentias.
Usura e vileza, sombras e degradação das relações familiares.
Sim, num orbe em convulsões múltiplas, onde a anarquia moral parece triunfar sobre a ética, a indignidade prospera e a virtude adoece, onde a oração parece esquecida e o grito de guerra soa a todo instante, insuflando o homem contra outro homem, tudo parecerá aos teus olhos ter perdido o sentido.
Melhor que Deus extinga a vida, mergulhe o planeta no caos sideral e permita um novo dilúvio universal, a tudo afogando no abismo das águas salinas.
Entretanto, meu irmão de jornada, alonga teus olhos além da janela escura das imperfeições humanas e contempla este arco-íris que te saúda a vida, após o aguaceiro da tarde em decadência.
Contempla essa noite coruscante de estrelas em tua noite vazia.
Dilata tua audição e escuta o sabiá, que trina, alegre, no galho de tua laranjeira.
Desce à embocadura do rio e deixa-te levar pelas águas mansas e tranquilas, que descem da fonte em direção ao mar.
Aspira esse perfume que rescende do lírio ou da lavanda, e permite que teu pensamento estacione no mundo da poesia.
Fecha tuas pálpebras cansadas e reflexiona na majestade de uma cascata, que se atira do penhasco e a tudo vai refrescando no caminho sem volta.
Na frincha da rocha nua, a mão da natureza colocou uma rosa rubra, que parece desafiar o tempo e a ventania.
Sai pedalando tua bicicleta e deixa que o vento maroto te desalinhe os cabelos, como a reviver teus longínquos dias da infância feliz.
Inspirado, lança na folha vazia teu poema de amor, onde enalteces tua musa inspiradora. Descreve, da melhor maneira possível, a excelência do amor e a ação terapêutica do perdão nas almas em aflição.
Esquece, mas esquece mesmo, quem te injuriou no dia que se foi e imagina-te auxiliando alguém em piores condições que as tuas.
Agradece o pão em tua mesa e louva o Senhor da vida porque tens pela frente mais um dia de luta e testemunhos.
Silencia. Asserena teu corcel mental em agitação. Ordena ao coração que se comporte como uma orquestra sob enérgico maestro, pulsando em ritmo de sinfonia. E aproveita o silêncio em derredor e escuta o réquiem da nostalgia, o minueto da paz e valsa da alegria.
Estás no corpo para evoluir.
O mundo é o que é.
Podes hoje ser melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje.
Uma frase tua e outra vida pode endireitar caminhos.
Um gesto teu pode desarmar adversários prestes a conflitar.
Uma intervenção tua pode desencadear ondas de otimismo e esperança.
Imagina-te ferramenta divina. O quanto Deus pode se valer de ti na edificação da vida melhor?
Respira, respira!
És herdeiro de Deus e tudo te pertence. És parte de uma engenhosa engrenagem divina e nessa orquestra podes tocar a flauta patética ou o oboé da felicidade.
O tambor da loucura ou o violino da harmonia.
A escolha será sempre tua.
Vem, desejo viajar contigo por estes campos verdes, essas pradarias atapetadas de flores, essas florestas bravias e estes lagos de águas transparentes.
Vem, dá-me tua mão e segue comigo e nunca mais te verás triste ou deprimido.
Quando Pandora abriu a caixa de Zeus, o mundo foi invadido pela desesperança e pela enfermidade.
Fui a única que ficou no fundo da caixa e hoje saio contigo para restaurar o domicílio de homens e mulheres.
Sou a esperança.
Vens?
Marta e a Esperança. (Espíritos)
Simões Filho, 22.11.2025
Médium: Marcel Mariano


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